Título da redação:

Português com jeitinho brasileiro

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 19/09/2018

Diferentemente do latim, a língua portuguesa não é uma língua morta. Pelo contrário: ela é tão viva quanto o povo brasileiro. Por esse motivo, variações linguísticas são comumente encontradas, seja pela questão do regionalismo, seja por reflexo cultural da sociedade. O problema, no entanto, ocorre quando essas variações viram motivo de preconceito e exclusão social, que é exatamente o que acontece no Brasil. Segundo o célebre educador pernambucano Paulo Freire, "os homens se educam entre si mediados pelo mundo", ou seja, o sujeito da criação cultural é coletivo e atuante na história. O que ocorreu no Brasil, porém, devido à educação formal ter sido, durante muito tempo, privilégio exclusivo das classes mais altas, foi a criação de uma cultura de pensamento que menospreza e exclui socialmente todos aqueles que, por algum motivo, não usam a modalidade formal da língua, o que caracteriza preconceito linguístico. Outro ponto a ser ressaltado é que diversos grupos de pessoas, incluindo participantes de movimentos sociais, declaram o intuito de combater todo e qualquer tipo de preconceito – desde que as militâncias obedeçam à gramática normativa. Isso gera um medo coletivo de cometer possíveis falhas gramaticais, tirando a força de uma expressividade genuinamente brasileira e desvalorizando muitas ideias relevantes para o país. Acabar com o preconceito linguístico no Brasil é, portanto, o primeiro passo para uma reforma socioeducacional de inclusão e respeito. Dar visibilidade às variações linguísticas na mídia formal, como a inserção de colunas em jornais e revistas que valorizem, por meio da divulgação de textos de autores modernistas ou contemporâneos, o uso recorrente de coloquialismo e regionalismos, pode reduzir significativamente esse tipo de intolerância ao mostrar o quão natural é esse tipo de expressividade. Além disso, as escolas precisam, em conjunto com os responsáveis, incentivar as crianças a se interessarem pelo quê as pessoas têm a dizer, e não pelo modo que o farão, por meio, por exemplo, de palestras mensais ministradas por sujeitos da própria comunidade falando sobre suas profissões, acabando, assim, com a supervalorização da formalidade vazia.