Título da redação:

Os desafios do preconceito linguístico no Brasil.

Proposta: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 29/08/2018

A linguagem é o principal meio de convivência social, permitindo uma multiplicidade de interações interpessoais e culturais. Desse modo, o preconceito linguístico é uma atitude de julgamento, que se nega o caráter multilíngue existente no país. Nesse âmbito, a visão inferiorizante de falantes de classes sociais mais baixas e o desconhecimento da língua brasileira de sinais evidencia os desafios do preconceito linguístico no Brasil, o que precisa de soluções urgentes. Em primeiro lugar, vale ressaltar o artigo publicado por Xoán Lagares, professor de linguística histórica, da Universidade de SP, “O modo de escrever e de falar pode dizer de onde o falante vem, e talvez até a classe social em que ele está inserido”. Com essa definição é possível perceber quais são os princípios da desvalorização da diversidade da língua brasileira, os quais acentuam a discriminação, podendo desestruturar uma pessoa psicologicamente, isso ao provocar a sua exclusão social. Diante dessa verdade, a postagem de uma mensagem nas redes sociais feita por um médico em SP, a qual criticou os erros de português de um paciente não escolarizado dizendo: “não existe peleumonia e nem raôxis” demonstra o quão grave é esse preconceito com as várias formas de se comunicar, o que pode prejudicar tanto as relações interpessoais quanto acentuar o subdesenvolvimento do país. Além disso, outro fator que corrobora a problemática em questão é a subvalorização da diversidade linguística que ocorre nas escolas. O escritor linguísta brasileiro Marcos Bagno esclarece no livro dele, “Preconceito linguístico”, que a unidade linguística do Brasil é um “mito” devido às falhas na propagação dessas diversidades dentro do ambiente escolar. Nesse contexto, ao se observar na grade curricular dos estudantes a inexistência do ensino da língua de sinais -LIBRAS- a qual é considerada a segunda língua oficial do país, percebe-se que essas falhas vão de encontro à teoria do autor. Esse cenário é problemático na medida em que a escola torna-se um ambiente inóspito para os deficientes auditivos e aqueles que dependem dessa linguagem ficam às margens das demais interações, o que é nocivo à cidadania e à participação social deles. Infere-se, portanto, que é fundamental superar os desafios do preconceito linguístico no Brasil. Para isso, a Mídia - por seu papel na formação da opinião pública- deve divulgar campanhas socioeducativas, por meio da utilização de personalidades com as diversas formas de se comunicar e que possam, assim, ter forte apelo e adesão a causa, valorizando sotaques, regiões e o modo de falar do brasileiro, com o intuito de sanar esses preconceitos. Ademais, é imprescindível que o MEC faça uma reforma curricular, que promova o ensino de libras nas escolas, por meio do acréscimo dessa nova disciplina na grade acadêmica, objetivando ampliar a possibilidade de comunicação dos brasileiros surdos e valorizar as diversidades linguísticas. Logo, a unidade da língua no Brasil, descrita por Marcos Bagno, poderá deixar de ser um mito.