Título da redação:

O preconceito linguístico e seus efeitos em discussão no Brasil

Proposta: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 06/09/2018

Arte da Gramática da Língua mais usada no Brasil” é o nome da tentativa de Padre Antônio Vieira de codificar a língua a fala da colônia, advinda da fusão do Português e das línguas nativas. Sob essa perspectiva, infere-se que o trabalho do jesuíta não se ateve puramente à realidade linguística, uma vez que a descrição dialetal ocorreu, mas sob as luzes de normas europeias. Assim, a prevalência de determinada corrente em detrimento de outra é uma realidade cristalizada na história do país, acarretando impactos na sociedade. Com efeito, o Estado, por intermédio de instituições sociais, deve promover ações a fim de que se atenue a segregação causada pela realização do registro oral. Impende ressaltar que o assédio linguístico é incondizente com a história da língua Portuguesa. Isso se deve ao fato de que o português advém do latim vulgar – modalidade popular do idioma matriz. Negar as variações linguísticas correntes é a tentativa frustrada e purista de negar o fato: a língua é viva e passível de mudança, tal qual seus falantes. É importante lembrar que cada variante possui características intrínsecas e isso é patrimônio cultural de determinado grupo, logo, discriminar algumas formas de realização configura etnocentrismo e falta de conhecimento da história de um país. Diante disso, ficam evidentes a inconsistência do preconceito e a necessidade de proposição de políticas públicas a fim de que se erradique essa problemática. É necessário aceitar que o prestígio da norma culta é ferramenta eficaz para a manutenção da segregação social. Sob esse prisma, é correto afirmar que sujeitos com maior escolaridade e maior poder aquisitivo, por exemplo, sobressaem-se em detrimento daqueles que não tiveram as mesmas oportunidades, reforçando, assim, a lógica meritocrática. Segundo Bechara – membro emérito da Academia Brasileira de Letras – cada qual deve ser poliglota em sua própria língua, isto é, não é necessário pensar em correções ou incorreções gramaticais, mas em adequação às situações de fala. Impende, contudo, que o preconceito seja encarado como um ponto que requer atenção. Cabe ao MEC ações que reformulem os cursos de letras nas instituições de ensino superior no país. Ainda ao mesmo órgão em conjunto com a mídia cabe a descentralização da variante metropolitana em horário nobre ou em situações importantes e de repercussão nacional, como por exemplo os telejornais, contemplando a diversidade.