No despontar do presente século, o preconceito linguístico é uma realidade vivida por muitos brasileiros. Nesse contexto, as barreiras linguísticas impostas pelo sistema educacional impedem a integração dos alunos. Além disso, observa-se que há uma elitização da linguagem que corrobora para a segregação social. É incontrovertível que o Brasil é um gigante miscigenado e multicultural. Nesse sentido, a julgar pela sua forma de colonização –na qual os índios, vítimas de uma ilusória superioridade cultural lusitana, tiveram a sua língua hostilizada e reprimida- nota-se que a imposição à norma culta padrão continua nas salas de aulas. Nessa perspectiva, quando os discursos oratórios regionais são definidos como errados impedem a integração dos alunos e criam barreira para a diversidade linguística. Desse modo, observa-se que a escola deve ser o principal local onde as diferenças regionais devem ser respeitadas. Além dessa constatação, é importante ressaltar que os esforços dos escritores da primeira fase modernista, a qual houve uma inserção da cultura popular na literatura, assim como a renovação de linguagem, muito bem expressa na obra “Pronominais” de Oswald de Andrade, não foram alcançados. Na esteira desse processo, a elitização da linguagem culta não leva em conta os fatores socioeconômicos que dá margem à segregação social, sendo esse ato retrógrado e destrutivo. Portanto, é evidente que o preconceito linguístico fragmenta a sociedade. Transcendendo as perspectivas das palavras, medidas são necessárias para romper com o preconceito linguístico. Isso se dará quando o Ministério da Educação renovar as diretrizes curriculares com aulas de variações linguísticas, mostrando as diferenças oratórias regionais e culturais, com o fito da nova geração incluir e respeitar a forma de ser e de falar de qualquer indivíduo. Além disso, a mídia, por meio de novelas, deve criar personagens regionais sem caricaturá-los, com o objetivo de alertar à população que o Brasil é muito grande para ser definido com um único jeito “certo” de se expressar. Somente assim, novos pilares serão erguidos contribuindo para a Ordem e Progresso do país.