Título da redação:

NÃO É ERRADO É CULTURA

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 23/10/2018

Não é raro encontrar, atualmente, a prática da discriminação linguística na sociedade brasileira. Segundo Marcos Bagno, autor do livro “Preconceito Linguístico”, o preconceito contra as formas de falar se baseia na crença de que só existe uma única língua portuguesa digna desse nome, e ela está presente na elite social, dessa forma, as variações linguísticas são vistas como erradas o que conserva essa intolerância. É primordial ressaltar que esse preconceito faz parte da história brasileira. No período de colonização, os jesuítas impuseram aos indígenas o idioma português, desse modo, houve uma desconsideração pela língua nativa e aos que não adotaram a linguagem determinada restou o preconceito contra sua forma de falar, em decorrência disso, ainda hoje a norma culta padrão é vista como instrumento de ascensão social. Essa visão elitista da fala reprime aqueles que têm um nível inferior de escolaridade e os denomina como atrasados, evidenciando a discriminação. É preciso, porém, reconhecer que algumas falas de diferentes regiões do país fazem parte de uma manifestação cultural, e é um equívoco, no entanto, dizer que uma certa cultura é errada. Entretanto, não é o que se mostra na mídia, comumente vê-se programas televisivos mostrarem personagens que têm um jeito próprio de falar, de acordo com sua região, como pessoas grotescas, de forma a incitar o riso. Outrossim, os meios de comunicação, devido ao seu alto poder persuasivo, tornam-se impulsionadores do problema e colaboram negativamente com a persistência da segregação linguística. Torna-se evidente, portanto, que o preconceito linguístico está presente na sociedade e que, todavia seus efeitos são negativos. Dessa maneira, para reverter essa problemática, faz-se necessário que as escolas, nas aulas de português, deem ênfase ao ensino das variantes linguísticas e reforcem sua importância assim como a gramática normativa. Ademais, os professores devem ensinar que a variação diatópica faz parte de uma constituinte cultural, para assim, quebrar o paradigma de ser uma linguagem retrógrada, isso pode ser implementado através de atividades didáticas que mostrem a diversidade da língua portuguesa bem como sua riqueza cultural.