Ainda no século XVI, período marcado pela desenfreada exploração do território nacional, ocorria uma massiva repressão à língua materna de escravos africanos, mantidos em cativeiro e vistos como bens materiais. Entretanto, apesar do lapso histórico-temporal, pode-se observar que, na sociedade hodierna, o preconceito linguístico permanece como um legado do colonizador europeu para grande parte da população, que passou a ver a gramática normativa como única fonte irrefutável de como se expressar em palavras. Assim, faz-se necessário analisar a elevada diversidade linguística presente em território nacional, bem como a falta de respeito para cm as variantes da língua de um país que se originou da miscigenação. A principio, mostra-se preciso destacar a formação cultural da nação ribeirinha, uma mistura do indígena e do europeu com grande participação, também, do afrodescendente. Tal mestiçagem acabou por originar os pilares da oralidade brasileira, uma vez que a junção destes grupos contribuiu para o surgimento de uma gama de dialetos anteriormente inexistentes. Nesse sentido, em-se a própria língua culta brasileira, que, mesmo originada em Portugal, modificou-se e incorporou elementos díspares da sintaxe da antiga metrópole. Como exemplo disso, podem-se citar palavras como "crianças", no Brasil, equivalente a "miúdos" no país do oeste europeu. Por outro lado, é de suma importância ressaltar a falta de respeito enfrentada por falantes da variância do português culto. Consoante o professor Marcos Bagno: "A função da escola é introduzir novidades e fazer o aluno se apoderar de distintas maneiras de falar". Desse modo, evidencia-se que as variedades linguísticas, apesar de mal vistas por uma parcela da população, acabam por ampliar o repertório linguístico das pessoas. Assim, tal situação não só contribui para a ampliação do repertório linguístico das pessoas mas também auxilia na redução de preconceitos anteriormente estabelecidos. É fundamental, portanto, fazer algo para auxiliar no combate ao preconceito linguístico no Brasil. Destarte, cabe à instituição escolar demonstrar a seus alunos a elevada diversidade da língua falada no Brasil, por meio de estudos de músicas ou poemas que apresentem tais características, com o fito de reduzir o preconceito por vezes impregnado nos discentes. Ademais, a mídia deveria utilizar-se de propagandas na TV e no rádio, que objetivassem demonstrar o incrível repertório cultural trazido junto á variância da oralidade. E, dessa forma, poder-se-á formar um país livre dos preconceitos herdados dos antigos europeus.