Segundo o conceito antropológico de cultura: não existem culturas inferiores ou superiores, mas, sim, diferentes. Assim, a diversidade cultural linguística existente advém de aspectos socioculturais, históricos e geográficos, mudando conforme a região, o sotaque predominante ou as gírias existentes. Porém, tais variantes carecem de providências solucionadoras, já que sofrem preconceitos na sociedade hodierna, sendo originados no período colonial. De início, notam-se razões históricas para o pré-julgamento do diferente e a manutenção do problema hodiernamente. Isso porque, durante o período de colonização do Brasil, o trabalho de imposição contra as populações não-brancas, como com a escravização, a exclusão social e o racismo, resultou no extermínio dos índios e no desaparecimento de centenas de línguas, a exemplo o tupi antigo, posto que a expulsão dos jesuítas no século XVIII tornou o ensino da língua portuguesa obrigatório. Outrossim, a discriminação linguística é muito vista nas práticas escolares, com a autoridade no ensinamento do português, ausentando outras variedades linguísticas. Consequência disso são recorrentes casos de repressão, censura e ridicularização contra o modo diferenciado de falar tanto nos ambientes acadêmicos como nos locais públicos. Tem-se como exemplo o caso do médico Guilherme Capel Pasqua, no qual o mesmo tirou uma foto debochando dos erros de português de um paciente. Infere-se, portanto, que medidas são necessárias para resolver o obstáculo. É de fundamental importância a ação do Ministério da Educação, em conjunto de outros educadores, com a criação de mecanismos pedagógicos democratizadores, como campanhas de conscientização acerca das variações linguísticas nas escolas e através da mídia, para que, por exemplo, a criança, ao chegar à escola falando de acordo com a sua regionalidade, não seja discriminada. Só assim, esse impasse será resolvido, formando uma sociedade mais compreensiva, respeitosa e tolerante.