A sociedade brasileira, desde seu princípio mostrou um sutil antagonismo entre classes. Por isso, a elite sempre buscou meios de mostrar superioridade frente ao proletariado. Artigos de luxo, como carros, roupas, imóveis e até mesmo a linguagem. Essa, que devera ser um elemento básico na formação do cidadão brasileiro é usada para distinguir ricos de pobres. A ineficiência e precariedade do sistema educacional brasileiro é tão grande que mesmo com o ensino médio obrigatório, os índices de analfabetos e analfabetos funcionais são maiores a cada ano. A língua materna, que deveria servir de auxílio para milhares de brasileiros, torna-se um obstáculo. Tal condição afeta majoritariamente a parte mais carente da população. O preconceito linguístico inferioriza e desmoraliza essa parcela, tornando-a motivo de chacota, como feito pelo médico Guilherme Capel, em Serra Negra, interior de São Paulo, que postou uma foto em suas redes sociais debochando dos erros de português de um paciente. Assim como feito pelo médico, casos como esse acontecem e se repetem diariamente no país, especialmente devido à suas dimensões e inúmeros regionalismos. Esses regionalismos que correm perigo de desaparecimento, levando ao fim assim a diversidade e riqueza linguística nacional. Isso porque cada vez mais a classe dominada quer parecer-se com a classe dominante, até nos detalhes, como o uso da norma culta como forma de diferenciação social. Logo, o preconceito linguístico no Brasil só será superado utilizando investimentos governamentais para nivelar o ensino da língua culta e o respeito a diversidades regionais, para que todos conheçam e dominem o português de maneira igual, preservando a riqueza de expressões em âmbito nacional.