Título da redação:

Na hora certa

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 24/09/2015

No ciclo vital, em que o fim se dá pela morte, o parto é tido, em dadas culturas, como o início legal de uma vida. E para assegurar a grandiosidade devida ao evento, todo o processo deve ocorrer de maneira memorável. Na anterioridade a ele há o enxoval e as muitas expectativas dos pais no tocante ao aguardado nascimento, e, em grande parte dos casos há também o dia marcado para que ele aconteça. A cesariana permite essa flexibilidade e, assim pois, representa 84,6% dos partos no Brasil, negligenciando a recomendação de 15% da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em função dessa intransigência aos padrões internacionais, nacionalmente fora determinada a fiscalização e limitação da prática cirúrgica referente a concepção, medida estabelecida pelo Ministério da Saúde, e que é adequada, uma vez que resume-se a uma máxima positiva, a segurança e bem estar da mãe e do bebê. Em prior, a posição do governo é benéfica porque proporciona o entendimento da cesariana no seu contexto funcional, isto é, como uma intervenção emergencial, e não uma preferência. Embora a obstetrícia tenha evoluído, ela ainda carece de meios precisos para determinar a independência orgânica de um feto. Um parto cirúrgico desnecessário expõe o recém-nascido a danos por prematuridade, tal como má formação pulmonar. Por conseguinte, o agendamento do nascimento amplifica em até três vezes a chance de óbito tanto desse bebê como da sua genitora. Em contraste, o parto vaginal é munido de maior segurança e efetiva recuperação da mãe, contribuindo também para uma menor recorrência de tratamentos intensivos em UTIs neonatais. É importante atentar, sob segundo plano, que o medo e experiências negativas de outras mulheres enquanto grávidas estimula e justifica a predileção pela cesariana. Nada obstante, a iniciativa do governo estabelece, em pauta, que as mais de 24 milhões de brasileiras pagantes de planos de saúde recebam uma cartilha informacional dos riscos inerentes a cesárea. A taxa de 84,6% de partos cirúrgicos apresentada no primeiro parágrafo, a propósito, é específica da rede privada, visto que unidades públicas de saúde trabalham com maioria de partos normais em razão das condições sociais e morais a que estão sujeitas as gestantes com poucos recursos financeiros. Legislar a humanização do parto, portanto, diz mais acerca de proteção e saúde do que cerceamento da liberdade da mulher, que algumas entre elas equivocadamente consideram ser, posto que, diferente do que pensam, a norma objetiva que o ato de dar à luz não se converta, feito outrora, num longo processo seguido de reabilitação pós-cirúrgica e terapêutica analgésica. Salvo o que fora debatido nos últimos parágrafos, não há como negar a importância da cesariana quando cabível. Por isso é relevante apontar um aspecto negativo do documento que oficializa as exigências do Ministério da Saúde, nele, há a reivindicação de um registro generalizado dos partos. Atitude que afeta diretamente hospitais-maternidade de alta complexidade nos quais as cesarianas são de expressiva demanda. A ficha partograma, gráfico de notação dos partos cesáreos para posterior fiscalização, discrimina índices maiores nestes lugares, transmitindo uma impressão errada de qualidade duvidosa dessas instituições, o que não ocorre na realidade. Todavia, esses hospitais são as exceções de um sistema caracterizado por equipes médicas atarefadas, e que veem na cesárea uma alternativa de obter melhor remuneração, e para essas um controle organizacional é necessário. Por sua vez, o parto humanizado é louvável em efeito de viabilizar o começo natural para um ser-humano, e o Estado fora exímio normatizando o desempenho desta realização. Para a sua potencialização, o esclarecimento das mulheres através da propaganda sócio-política é fundamental. Simultaneamente, a requisição de enfermeiras obstetrizes e plantonistas para o cuidado de partos de baixo risco, e a reformulação estrutural dos centros de parto normal são mecanismos que garantirão plenitude a mãe. Logo, por meio do parto natural é conferida a oportunidade de um início ideal para uma vida, e conclusão de um processo esperado a corretos nove meses, não antes, e nem tampouco depois. Na hora certa.