Título da redação:

Cesárea: um reflexo da precariedade da saúde pública

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 11/08/2015

Até meados do século XX a presença das "parteiras" era de fundamental importância no período de gestação bem como no momento mais oportuno de uma gravidez, assumindo, por vezes, o papel do médico. Décadas depois, o Brasil evoluiu em diversos setores, inclusive na saúde, construindo melhores hospitais e disponibilizando profissionais qualificados. No entanto, esse avanço trouxe consigo uma má distribuição dos serviços e uma especulação médica que coloca a figura principal em segundo plano. Por consequência, o número de partos cesáreas cresce fora do normal e pode ocasionar danos maiores à saúde pública do Brasil. O primeiro fator que contribui para a disparidade no número de partos normais e cesáreas é a fluidez do mundo capitalista. Assim, em um ambiente de acúmulo de capital, o parto vaginal torna-se um empecilho de tempo e baixo custo-benefício para os profissionais da saúde, uma vez que o Estado remunera igualmente os dois serviços que possuem nuances distintas. Dessa forma, é estruturado um mecanismo que induza a grávida a optar pela cesárea, tornando ainda mais difícil a livre escolha. Até mesmo as grávidas que decidem pelo parto vaginal encontram na estrutura do SUS(Sistema Único de Saúde) um empecilho. Desse modo, é frequente a ausência de profissionais anestesistas e auxiliares, transformando o momento de nascimento da criança em uma verdadeira peregrinação à procura de um ambiente que seja capaz de receber o parto. O gasto desnecessário e irregular do dinheiro público é consequência dessa conjuntura, já que em muitas cesáreas há complicações que necessitam de um internamento mais especializado. Assim, utiliza-se o recurso em dobro que poderia ser aplicado em regiões do Brasil onde há escassez de médicos ou isolamento geográfico, como o sertão nordestino e o extremo norte. Percebe-se, portanto, que a discrepância no número de partos vaginais e cesáreas é reflexo da ineficaz distribuição do serviço médico bem como da postura dos obstetras durante a gestação. Para contornar essa situação é necessário um melhor apoio profissional aos hospitais, com incentivos do Estado aos médicos recém formados. Além disso, é preciso remunerar corretamente os diferentes meios de partos para que não haja indução ou influência dos profissionais na decisão das gestantes. A longo prazo, as ONG's podem, através das mídias sociais, levar informações às mulheres acerca das diferenças entre os tipos de partos.