O desenvolvimento tecnológico é um dos mais importantes agentes para a evolução da humanidade. O mesmo trouxe às mães a oportunidade de salvar suas vidas e a de seus bebês, em casos de gravidez problemática, através de cirurgias cesarianas. No entanto, o que era para ser usado apenas em casos delicados tornou-se comum na sociedade brasileira. Por meio da disseminação midiática do medo e da acomodação de alguns médicos, tal prática ganhou força e transformou-se na "regra". Muitas dessas mulheres aprenderam ao longo da vida - através de novelas, filmes e até por costume familiar - que os partos normais são praticamente sessões de tortura. Por isso, segundo a pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, o medo da dor presente nesse tipo de parto é um dos principais argumentos usados a favor das cirurgias cesarianas. A seletividade da mídia também fomenta este pânico quando não divulga, por exemplo, que pequenas doses de anestésicos podem ser ministrados para minimizar a dor. Além disso, a questão financeira é muitas vezes uma barreira para que o médico estimule suas pacientes aos procedimentos naturais. Pois um parto normal leva em média 12 horas de duração, enquanto a cesariana leva em média 3 horas para ser finalizada; porém o profissional recebe um valor praticamente igual nos dois casos. Portanto, é preciso uma reformulação na cultura, no atendimento dos pacientes e na remuneração dos profissionais. O Ministério da Saúde deve financiar campanhas educativas - por meio de panfletos e palestras em locais públicos - as quais deixem claro todos os métodos e riscos possíveis em cada procedimento. Ademais, a Agência Nacional de Saúde precisa adaptar a remuneração médica a cada situação. Aumentando-a em partos normais, por exemplo.