Nas civilizações pré-agriculturais o parto era visto como sendo um processo fisiológico e sagrado, onde a mulher era o centro desse acontecimento tão único. O avanço da tecnologia e a entrada dos médicos nesse cenário, modificaram os modelos e paradigmas de atenção ao parto. A migração dos locais de nascimento de ambientes domiciliares para hospitais aconteceu há cerca de 50 anos. Desde então, se tem percebido uma padronização do tempo que um parto deve durar e por conta disso, a cesariana é vista como mais conveniente, pois é um procedimento rápido e tido como mais seguro por maioria dos médicos obstetras. A cultura da cesariana é visível em números: ela compõe 52% dos partos realizados no Brasil. A cesárea é um prodimento cirúrgico que salva milhares de vidas, mas é necessário perceber que não deve ser indicada para todas as mulheres. Estudos publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que a cesariana sem indicação concreta está associada com o aumento das complicações para o recém-nascido e à mortalidade neonatal. Destarte, é preciso revisar sistematicamente o modelo obstétrico do país, que deve ser centrado na mulher e no diálogo entre a equipe multiprofissional e a paciente, com criação de leis como a das doulas, promulgada em Blumenau, município catarinense. É importante a melhora das informações propagadas acerca do modo natural de dar à luz, se utilizando de cartilhas que expliquem e desconstruam o tabu criado relativo ao processo, ainda tão sagrado e belo, que é o parto normal.