Dostoievski, escritor russo tido como fundador do Realismo, declarou que todos são responsáveis por tudo perante todos, dada a parcela de comprometimento dos homens sobre suas ações na sociedade. No Brasil, esse conceito aplica-se, sobretudo, no que se refere à valores de uma sociedade baseada em aparências, a qual estimula a população a buscar o corpo perfeito em dietas da moda, que muitas vezes é prejudicial. Assim, é preciso compreender as principais causas do problema a fim de se criarem propostas para mitigá-lo. Na Idade Média, possuir um corpo com mais tecido adiposo era considerado símbolo de saúde, riqueza e poder. Contudo, na contemporaneidade, principalmente a partir do advento das mídias sociais, o culto a corpos magérrimos e musculosos tem se tornado uma constante. Nesse sentido, a busca por resultados rápidos tem levado muitas pessoas a aderirem “modismos” no tocante a dietas inovadoras. O surgimento de tais dietas, por sua vez, pode ser explicado, em partes, por um “modismo” também adotado por alguns profissionais da área de considerar determinado estudo acadêmico como verdade absoluta e difundir tal conhecimento rapidamente pela internet. Além disso, o mercado de suplementos alimentares tem grande influência na consolidação dessa cultura, uma vez que muitas pessoas substituem alimentos por suplementos. Outrossim, vale ressaltar que existem diversas consequências para o organismo do indivíduo que segue dietas restritas. Dieta “low carb”, paleolítica, da proteína, dentre outras, ao restringir o consumo de carboidratos, como ratifica o médico Paulo Muzy, pode gerar um desequilíbrio no núcleo accumbens do cérebro – responsável pelo sistema de recompensa – o que ocasiona compulsão alimentar, dentre outros transtornos. Dessa forma, quando a pessoa tenta voltar a se alimentar normalmente, corre o risco de sofrer um “efeito rebote”, no qual ela engorda de forma exacerbada, na maior parte das vezes atingindo um peso maior que o anterior à dieta da moda. Torna-se evidente, portanto, conforme elucida Dostoievski, que mudanças se tornam imprescindíveis, uma vez que todos têm parcela de responsabilidade na problemática. Logo, é preciso que o Governo Federal, em consonância com o Ministério da Saúde, crie programas e campanhas nas escolas e comunidade, com o fito de conscientizar a população acerca dos riscos de uma alimentação carente em determinados nutrientes. Isso será feito através de especialistas na área que irão se responsabilizar por ministrar palestras de educação alimentar nas escolas e lugares públicos. Ademais, a mídia também deverá alertar os cidadãos nos intervalos comerciais de TV aberta, além de trazer o imbróglio à debate em programas ao vivo.