Desde muito cedo, somos orientados a seguir um "corpo ideal", que é o corpo-modelo, apresentado como um padrão de beleza a ser imitado por todos os que desejarem estar satisfeitos com a própria aparência. Além disso, aprendemos com os adultos a nos auto-medicarmos, alcançando uma certa "independência" da própria saúde. A luta para obter esses resultados traz consigo graves prejuízos para a saúde física e mental do indivíduo, gerando, por exemplo, doenças por baixa nutrição e/ou transtornos alimentares. Quando ampliamos nosso acesso às mídias de uma forma geral, conhecemos a publicidade pelo seu pior ângulo. Por vivermos em uma sociedade capitalista, o conteúdo de beleza e bem estar que nos é oferecido sempre será o inatingível. Lemos, escutamos e assistimos as propagandas de produtos para "remover estrias", "aumentar os músculos", "destruir as celulites", "fazer a melhor dieta em casa", etc. Recebemos excesso de informação sobre estética e "saúde física", mas nunca com a profundidade necessária. As grandes e pequenas empresas lucram com isso porque sempre compraremos mais dessas informações. Nunca alcançaremos os padrões, afinal, eles se tratam de uma alteração intensa da nossa natureza humana. Um exemplo disso foi o caso de Andressa Urach, uma modelo que ficou conhecida por quase ter ido a óbito após complicações causadas por procedimentos que realizou para alcançar uma "aparência de Barbie". Entretanto, por falta de informação, o público continua a se esforçar para conquistar essa idealização, gastando tempo, dinheiro e - inclusive - saúde. Diante de tantos problemas que essa irresponsabilidade vem trazendo para a sociedade, é urgente que o Poder Público assuma medidas que criminalizem o ato de incentivo à dieta sem acompanhamento médico e o ato de estímulo à alteração física em nome de um modelo estético. É necessário que o governo interfira nas disciplinas dos cursos superiores de Publicidade e Propaganda, para que os graduandos recebam um conteúdo menos neutro e mais focalizado quando se tratar de ética. Além disso, os conteúdos apresentados na mídia televisiva e virtual devem ser filtrados a partir de maior espaço para denúncia do público, de forma que o leitor/ouvinte/telespectador tenha o direito de informar uma delegacia criada especificamente para o cuidado com estes casos.