Título da redação:

Qual o valor da Copa?

Proposta: O legado da Copa no Brasil: positivo ou negativo?

Redação enviada em 12/05/2017

O legado da Copa do Mundo de 2014 para os cidadãos brasileiros é um tema que vale a pena ser discutido. Os avanços econômicos da última década evidenciam a capacidade de o país gerir um evento de grande porte. Todavia, só seria conveniente se esse acontecimento tivesse um valor social. Dessa forma, o histórico de obras superfaturadas, de corrupção e de inabilidade dos segmentos governamentais ratifica a falta de prioridades para com a população. Como consequência, o Brasil ocupa a 85ª posição mundial no Índice de Desenvolvimento Humano e tem aproximadamente 10% da população analfabeta. Portanto, monitorar os impactos econômicos da Copa sob o ponto de vista da integração social é condição sine qua non para analisar a consecução do evento por parte da iniciativa pública e privada. A priori, as condições para a realização do evento se ampliariam com uma maior atuação do capital privado, visto que o Brasil tem empreiteiras de importância mundial e mão de obra abundante. Por exemplo, as empresas alemãs construíram um empreendimento que abrigará a seleção de futebol de seu país e retornará lucros pós-copa através da utilização como ‘resort’, gerando empregos e renda no Nordeste. Desse modo, esse tipo de empreendimento continuará gerando lucros e pagando os próprios custos. Segundo Bernasconi, presidente do Sinaenco paulista, a participação da iniciativa privada na Copa é de R$ 3,8 bilhões do custo total de aproximadamente R$ 20 bilhões. Ademais, o uso do conhecimento de empresas expertises garantiria o foco na sustentabilidade, na qualidade das obras e na segurança da gestão de multidões. Logo, se a iniciativa privada fosse majoritariamente a maior responsável pelo evento, os milhões gastos pelo governo com a Copa poderiam ser investidos para solucionar demandas mais urgentes, como a saúde e a educação. Outro fator relevante é a necessidade de qualidade na gestão do governo em nível, federal, estadual e municipal para a Copa ser bem sucedida e corresponder a um legado para a população. Em contrapartida, os riscos de um evento regido pela iniciativa pública brasileira são grandes. Por exemplo, o Governo Federal construiu um estádio no estado do Amazonas, o qual provavelmente não gerará renda e empregos, pois não tem numero expressivo de torcedores. Consequentemente, essa obra poderá resultar prejuízos, como por exemplo, com a manutenção; são os denominados elefantes brancos. Além disso, a influência da Copa na política interna é notória, provocando a anuência das próprias leis nacionais. Nota-se, assim, através da Lei Geral da Copa, que ocorrem exceções legais para prote-ger os interesses da FIFA e seus parceiros, havendo, inclusive, punições. Essa lei pune, por exemplo, quem utiliza símbolos da Copa para promover eventos em bares e restaurantes ou que fere a exclusividade das marcas da FIFA. Portanto, o governo está usando o dinheiro público para a realização de um evento no qual a maioria da população não terá acessos aos supostos benefícios trazidos pelo mundial. Em suma, uma Copa resultante do dinheiro público tiro o foco principal do desenvolvimento, porque não corresponde a uma gestão sapiente de ampliação das oportunidades sociais. Logo, a realização da Copa do Mundo no quadro atual só poderia ser mais bem administrada se o capital privado tivesse uma participação mais expressiva do que o público. Desse modo, é mister vencer a omissão política para a administração das demandas do evento e das necessidades básicas da população. Portanto, é incabível um país em pleno desenvolvimento ter estádios de primeiro mundo em cidades com índices sociais de submundo.