Quando foi anunciado, pelo governo brasileiro, que o país iria sediar o mais importante acontecimento do futebol mundial, a Copa do Mundo, muitas promessas foram feitas. Os defensores do evento argumentavam que se tratava de uma oportunidade única, em que o Brasil seria beneficiado pelas obras realizadas e pela chance de expandir o turismo com a grande visibilidade conferida à sede pela competição. Dois anos depois da realização do torneio, constata-se que grande parte dos benefícios esperados não foram alcançados e que o tão comentado legado da copa teve mais aspectos negativos do que positivos. Grande parte das obras de infraestrutura, que mais serviriam efetivamente à população após a realização da Copa, não se concretizaram. Algumas delas foram canceladas, outras não seguiram os planos originais e muitas não foram terminadas dentro do prazo, estando pendentes até hoje. Além disso, o custo para sua realização foi superior ao previsto inicialmente. Isso evidencia os grandes problemas de planejamento existentes na máquina pública brasileira, que até conseguiu realizar um evento sem maiores problemas, mas não foi capaz de transformar o grande investimento realizado em melhorias significativas. Há que se falar ainda dos estádios. Diferentemente do que ocorreu com as obras de infraestrutura, todos eles ficaram prontos a tempo e foram utilizados nos jogos do torneio. As arenas, como são chamadas, foram financiadas quase que totalmente por dinheiro público e tiveram o custo de aproximadamente oito bilhões de reais. Passada a competição, muitas delas, localizadas em cidades sem grande tradição no futebol nacional, se encontram abandonadas e dando prejuízo aos governos estaduais devido ao alto custo de sua manutenção. O turismo, por outro lado, foi realmente um aspecto positivo, o Brasil ganhou visibilidade, embora isso não tenha sido suficiente para compensar as já citadas heranças negativas que a Copa deixou. Sendo assim, é possível concluir que o legado da Copa de 2014 foi predominantemente negativo para o Brasil. Os gastos efetuados não foram convertidos em benefícios para a população como era esperado. Devido a isso, resta ao poder público concluir as obras inacabadas. Além disso, os governos estaduais devem reduzir e, se possível, eliminar os prejuízos gerados pelas arenas através de parcerias com o setor privado. Por fim, cabe ao Ministério responsável, a tarefa de melhorar a infraestrutura dos principais destinos turísticos do país, para aproveitar a visibilidade alcançada com o torneio e potencializar essa importante atividade econômica.