Título da redação:

O elefante branco e o inacabado

Tema de redação: O legado da Copa no Brasil: positivo ou negativo?

Redação enviada em 01/12/2016

O trânsito em Cuiabá, capital de Mato Grosso, sempre foi caótico. Quem mora na cidade ou passa por ela, logo percebe o quão difícil é trafegar e como as ruas estão abarrotadas de carros. A Copa do Mundo de 2014, com sede no Brasil, foi a grande chance que os governos estadual e municipal tiveram para reorganizar o trânsito, visto que receberam recursos financeiros do governo federal para obras de infraestrutura, a fim de receber o mundial de futebol. Porém, em Cuiabá, poucas obras saíram do papel, a exemplo do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que certamente melhoraria o tráfego de veículos e proporcionaria mais uma opção de transporte público para a população local. Entretanto, o VLT nunca foi concluído e as obras paradas, hoje, prejudicam ainda mais o trânsito da cidade, que, infelizmente, não está sozinha. De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), em todo o país, dos 125 projetos de mobilidade urbana relacionados à Copa do Mundo, apenas 22 estão efetivamente em operação. Além das obras inacabadas ou nem mesmo iniciadas, existem ainda outros problemas. Entre os estádios construídos, por exemplo, alguns, como o Mané Garrincha, em Brasília, dispendem milhões de reais todos os meses dos governos locais para a manutenção, e raramente são utilizados. Tornaram-se elefantes brancos, sem utilidade alguma para a população. Portanto, apesar de a Copa ter proporcionado algum ganho para a economia do país, com a injeção de pouco mais de R$ 30 bilhões durante o evento, a população, que deveria ser a grande beneficiada com as obras de infraestrutura, continua sofrendo com as mesmas dificuldades que existiam antes do mundial, entre elas, transporte público precário, asfalto de má qualidade, falta de mobilidade urbana, e agora, diversas obras inacabadas que atrapalham ainda mais a locomoção. Por conseguinte, é necessário que o governo federal cobre dos entes estaduais e municipais a continuidade e finalização efetiva dessas obras, visto que os recursos já foram repassados. Ademais, é preciso que o Ministério Público investigue para onde foi o dinheiro que deveria ter sido empenhado em construções que nem mesmo tiveram início. Afinal, esses recursos foram pagos pela própria população brasileira, que, além de não ter em retorno as obras para a Copa concluídas, continua vivendo com velhos problemas de infraestrutura nas cidades.