O famoso “jeitinho”, termo utilizado para se referir à habilidade dos brasileiros em solucionar problemas, mesmo que para isso tenham que transgredir regras, está diretamente relacionado à falta de boa conduta no trânsito. Esse tipo de comportamento já está enraizado em nossa cultura e é um dos principais responsáveis por acidentes nas estradas. Nesse contexto, se quisermos ultrapassar esse impasse no trânsito, devemos ir além de leis e normas. A simples imposição de uma regra, sem que haja sua compreensão adequada por parte dos indivíduos, será apenas uma solução paliativa. Em uma sociedade já habituada a agir de determinada forma, qualquer lei que se aplique à ela corre o risco ser cumprida apenas pelo receio de haver punição. Para que isso ocorra, no entanto, serão necessárias fiscalizações regulares, caso contrário continuará havendo transgressões no trânsito. É válido lembrar, porém, que costumes e valores culturais podem ser modificados. John Locke, um dos mais importantes filósofos iluministas, acreditava que a conduta do homem depende, sobretudo, da educação que lhe é dada. Quase não há, no entanto, um investimento nesse setor relacionado ao comportamento no trânsito. O que colabora, dessa forma, para o aumento nos casos de violência. Fica evidente, portanto, a necessidade de utilizar métodos instrutivos e educacionais como a principal forma de combater o caos nas ruas. Cabe ao governo promover campanhas, através da mídia e das redes sociais, trazendo dados estatísticos e fatos relevantes para a compreensão da importância em obedecer a determinadas leis. A escola deve formar, desde cedo, futuros motoristas conscientes, que visem, sobretudo, a segurança pública. Desse modo, o impasse da violência no trânsito será, enfim, ultrapassada.