A história das primeiras civilizações, o Império Romano, o feudalismo europeu, a Revolução Francesa e as grandes Guerras Mundiais. Ao questionar um bom aluno brasileiro a respeito dos respectivos temas, logo lhe surgirão, na ponta da língua, respostas decoradas a partir de uma sucessão repetitiva de aulas ao longo de sua vida escolar. Entretanto, tal situação não se repetirá se o tema em questão for a história africana. Isso deve-se ao fato de que a afro-descendência no Brasil é esquecida e ignorada tano pela população, quanto pelas planilhas de conteúdos acadêmicos, evidenciando o quanto o negro ainda encontra-se marginalizado na sociedade brasileira, mesmo após séculos desde sua fixação no país. Ao longo da história do Brasil, a presença do negro, apesar de maciça e constante desde a chegada dos primeiros navios negreiros, limitou-se a uma mera figuração diante aos grandes acontecimentos do país, sempre entrando em cena como braço e perna para os "grandes senhores" que dependiam diretamente do auxílio de seus escravos para seus feitios. Em seguida, após conseguir arduamente sua emancipação, viu-se lentamente o homem negro construindo seu caminho e adquirindo seu lugar na sociedade brasileira, apesar dos inúmeros empecilhos mediados por uma segregação racial enraizada na cultura do país. Desta forma, a cultura dessa população marginalizada começou a fundir-se ao cotidiano brasileiro, caracterizando o tão rico sincretismo no âmbito de costumes, culinária, música e religião que moldam e tornam a cultura brasileira única e incomparável. Em contrapartida, em comparação ao orgulho e exaltação de parte dos brasileiros descendentes de europeus, como italianos e alemães, por exemplo, que levam a rigor a tradição aos costumes deixados por seus ancestrais, mantendo sempre vivas suas raízes, a cultura africana em si definha-se gradualmente. Isso porque, a comunidade afro-descendente desconhece suas origens de fato, limitando-se, por falta de incentivo e interesse, a associar seu passado aos engenhos de cana e fazendas de café. O fato é que existe uma inteira história atrás dos milhares de escravos desembarcados no litoral do país, e este passado, assim como o do homem branco, merece ser pesquisado a fim de alcançar mais conhecimentos a respeito dos que constituem mais da metade da população brasileira hoje em dia. Desta forma, uma série de medidas podem ser tomadas a fim de resgatar a ancestralidade africana, como a construção de mais museus direcionados exclusivamente à história do continente africano, em parceria com escolas, para que, mediante excursões escolares, seja feita uma abordagem mais didática sobre a questão para os alunos. Além de exposições de arte e projetos acadêmicos culturais como saraus e palestras que aproximem mais os brasileiros à sua origem africana, incentivando-os à percepção de que, afinal, somos todos, da mesma maneira, a combinação harmônica entre negros, índios e brancos.