O Brasil se constitui hoje um país amplamente miscigenado, com destaque para a influência da África na constituição do nosso povo. Entretanto, ironicamente, o preconceito racial se encontra fortemente enraizado no país, dificultando o ensino sobre cultura e história africana nas escolas brasileiras. Nesse contexto, apesar dos desafios enfrentados, é necessário abordar esse tema no meio acadêmico, ressaltando sua importância na construção da identidade nacional. A princípio, é fundamental analisar como a história brasileira foi influenciada pela africana, deixando evidências disso até os dias atuais. Por exemplo, a própria população, claramente miscigenada, é uma evidência da marca africana, visto que, segundo dados do IBGE, os negros representam 54% dos habitantes. Além disso, a cultura afrobrasileira é muito presente em todo o país, se destacando na capoeira, no candomblé, na música, entre outros. Sendo assim, ensinar sobre a cultura e história africana no país significa dar visibilidade às suas enormes contribuições para nossa nação. Por consequência, a valorização do legado africano poderia ser uma ferramenta de combate ao racismo, ainda latente na sociedade brasileira. Nesse contexto, pode ser atribuído como causa do preconceito racial, em parte, a hedionda escravidão que ocorreu no território nacional a partir do século XVI, responsável por marcar o povo africano, sua cultura e seu legado como inferior, resultando no racismo para com seus descendentes. Dessa forma, enaltecer a contribuição negra para a formação do país, em oposição às memórias remanescentes do escravismo, pode ser uma maneira de combater o racismo. Fica claro, portanto, que a inserção do conteúdo de história e cultura africana nas escolas brasileiras é de extrema importância, e pode gerar conquistas no nível social. Para que essas conquistas sejam alcançadas, algumas medidas podem ser tomadas, como a determinação, pela LDB, de que a cultura africana seja visibilizada além do ensino em sala de aula, por exemplo, com o incentivo à prática da capoeira. Ademais, o núcleo familiar, segundo a sociologia, uma instituição social essencial na formação de opinião do indivíduo, deve combater o preconceito racial no meio familiar, demonstrando apoio ao ensino da temática africana nas escolas.