Título da redação:

O Estado Físico da Educação

Proposta: O ensino da história e cultura africana no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 23/08/2016

Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XIX ao XX, houve uma preocupação por parte dos detentores do poder de criar uma identidade nacional forte. Tal identidade seria constituída, principalmente, por indígenas e europeus, absorvendo seus costumes e suas culturas, assim, negando o papel do negro no Brasil. Em decorrência disso, o racismo consolidou-se no país, perdurando até os dias atuais. Pensando nisso, o Governo Federal sancionou alterações na Lei nº 9.394/1996, de modo a incluir o ensino da história afro-brasileira no currículo básico escolar. Entretanto, apenas incluir o ensino não é suficiente. É preciso estimular os jovens a aprenderem a importância do estudo de suas origens. É notável que o desinteresse no ensino da história da África é fruto do infeliz racismo velado e institucionalizado no Brasil. Dados do IBGE apontam que mais da metade da população brasileira é parda ou negra, o que reflete a forte presença do continente africano no país. Contudo, ainda que essa população seja a maioria, ela ainda sofre grandes preconceitos raciais por parte de pessoas que não conhecem as origens do Brasil. A identidade nacional, mesmo manipulada no passado, revela os elementos africanos em sua cultura, como nas rodas de capoeira e nas produções artesanais. Logo, pode-se afirmar que o racismo é fruto da falta de conhecimento das origens brasileiras. Outrossim, o ensino da história africana não só explicita a identidade nacional com base na África, como também melhora as relações interpessoais dos cidadãos, diminuindo o racismo por meio da educação. De acordo com o estudioso Zygmunt Bauman, a educação é líquida, haja vista que, quando não há cuidados e preparos necessários para manuseá-la, ela "escorre pelas mãos", assim como um líquido, criando problemas sociais. De maneira análoga, é possível configurar a teoria do sociólogo na conjuntura atual do país, visto que, como a educação a respeito das origens brasileiras foi deixada de lado por muitos anos, o racismo consolidou-se na nação. Assim, faz-se necessário que o governo tome medidas educacionais para reverter esse quadro. Infere-se, portanto, que o desinteresse do ensino da história afro-brasileira tem origens históricas, sociais e culturais. A fim de atenuar a problemática, o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), deve incluir a história da África nos conteúdos programáticos de vestibulares de abrangência nacional, como o ENEM e a FUVEST, a fim de estimular os jovens a conhecerem e estudarem tal disciplina. O MEC pode, ainda, realizar parceria com o Ministério das Comunicações, a fim de criar sites online que disponibilizem dados, fatos e materiais gratuitos sobre a cultura africana no Brasil. ONGs de cunho social, como a ONG "Criola" podem trabalhar em conjunto com a Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), a fim de realizar palestras em escolas, ensinando a importância do conhecimento das origens do país, para que os jovens possam ter papéis de atores sociais, instruindo familiares e amigos o que lhes fora ensinado. Dessa forma, o racismo seria gradativamente atenuado, e a visão da população a respeito das origens brasileiras seria revisada, por meio de uma educação como proposta por Bauman, de maneira a incluir o papel do negro na construção da identidade nacional.