Título da redação:

O Brasil de Oswald

Tema de redação: O ensino da história e cultura africana no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 09/07/2016

Culinária. Idioma. Ritmos. Religião. Essas são algumas manifestações culturais brasileiras que foram influenciadas pela chegada dos africanos ao país no século XVII. Embora esse sincretismo seja fundamental para o entendimento da construção de uma identidade nacional, a história e costumes desses povos não são valorizados como deveriam, principalmente no âmbito educacional, onde os resquícios de um passado determinista se sobressaem sobre as leis de reconhecimento da importância dos negros para o Brasil. Em primeiro lugar, é válido analisar o modelo de ensino vigente. Com moldes de organização semelhantes aos de colégios jesuítas e base curricular formulada de acordo com os padrões europeus, o aprendizado é construído unilateralmente, apresentando fatos históricos e obras literárias sob a perspectiva eurocêntrica e, consequentemente, secundarizando as práticas de outros povos como os indígenas, asiáticos e africanos. Estas, quando apresentadas, são tratadas com desinteresse por parte dos professores e alunos, os quais -em sua maioria- associam a África à pobreza e ausência de cultura. Portanto, as marcas deixadas pelo colonizador ainda impedem o total conhecimento do real brasileiro, fruto da miscigenação e enfatizado por escritores como Oswald de Andrade durante o período modernista. Cabe apontar, também, a pouca visibilidade dada à literatura africana na mídia. Apesar de haver um aumento na produção cinematográfica acerca dos costumes desses povos, a produção literária feita por eles não é reconhecida e, portanto, não tem uma divulgação significativa. Nesse contexto, as obras são de difícil acesso e dificultam o contato do indivíduo com esses textos artísticos, criando um círculo vicioso de exclusão. A Globalização favorece esse processo, visto que o consumo segue as tendências dos países centrais, "homogeneizando" países e dificultando a promoção de elementos formadores de identidade local. Fica evidente, portanto, que a história e cultura dos povos africanos são indispensáveis para o conhecimento do brasileiro sobre si mesmo, porém, seu reconhecimento ainda não é feito como o esperado. Para amenizar esse quadro, é necessário que o governo federal, por meio do MEC e MinC, incentive as escolas e faculdades a cumprirem a lei de inclusão desses conteúdos, utilizando cartilhas informativas e listas com conteúdos obrigatórios sobre a Àfrica, alterando, assim, a grade curricular. A mídia, por sua vez, deve realizar divulgações de conteúdo africano por meio das novelas, aproximando o cidadão do tema e abrindo espaço para discussões e reflexões. Dessa forma, o real Brasil, presente nos poemas de Oswald, poderá -finalmente- aparecer, sem restrições.