Título da redação:

A busca por democracia racial

Tema de redação: O ensino da história e cultura africana no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 18/07/2016

O Brasil é um país multicultural, de população miscigenada e sincretismo religioso. Contudo, ao negligenciar a importância das matrizes africanas para a construção da história, cria-se um impasse para estruturar a democracia racial plena e consolidar a identidade sociocultural brasileira. Para o sociólogo Kabengele Munanga, especialista em história afro, a fim de se firmar como ser humano, o indivíduo deve conhecer sobre sua identidade. Porém, pelo ensino no país ter se estruturado segundo uma visão eurocêntrica, a influência africana é desvalorizada: aprende-se a respeito de guerras e revoluções, no entanto, esses acontecimentos se restringem geograficamente, em sua maioria, à Europa. Diante desse cenário, a sanção da lei 10.639, a qual obriga o ensino da cultura africana, surge como uma enorme conquista. Essa prática vai contribuir para a superação de preconceitos, redução do racismo, maior conhecimento sobre a humanidade, além de ajudar na construção de uma identidade nacional. Todavia, há desafios a serem superados. Ainda não foram produzidos estudos suficientes sobre o tema, o que contribui para o despreparo de docentes e dificulta a adequação de material didático para os alunos. Entretanto, o maior desafio é vencer o preconceito de algumas instituições quanto ao ensino da história africana. Segundo o grupo de estudo para a o tema da UFSCar, professores relataram a falta de apoio de seus gestores, os quais não se sentem sensibilizados com a causa. É fundamental dar um enfoque para matrizes africanas muito além do mero Dia da Consciência Negra – não se trata de apenas inserir um novo conteúdo no currículo, mas de trazer uma reflexão sobre a democracia racial e a formação da sociedade brasileira. Com o propósito de executar esse projeto brilhantemente, o Governo deve financiar estudos que maximizem o conhecimento sobre o tema, promover aulas para capacitação do corpo docente, criar parcerias com editoras a fim de atualizar o material de didático, além de fiscalizar com rigor todas as instituições para evitar que se recusem a abordar a temática afro. Alunos, pais e professores também podem se reunir em Conselhos Escolares para discutir políticas de abordagem ideais. Espera-se que, com essas medidas, enfim, se possa construir uma verdadeira democracia racial no país.