O Brasil é considerado o país que mais realizou o tráfico de negros africanos, durante seu período colonial, com mais de 5,5 milhões de negros trazidos ao território nacional, de acordo com o historiador brasileiro Laurentino Gomes. Paralelamente ao alto número de escravos importados, é referenciado como um dos últimos países a determinar o fim da escravidão, com a Lei Áurea, no ano de 1888. Entretanto, a forte participação da cultura e história africana na construção da nação brasileira não significou a valorização da mesma pela sociedade e pelo Estado, o que resultou em desconhecimento da maior parte da população sobre o tema, acarretando consequências em diversos níveis sociais, como o racismo. A maior parte da população brasileira possui, em algum ponto de sua descendência, um africano como procedente. Porém, a cultura deste continente segue vista com negatividade no país, incluindo as religiões de matriz africana, comumente denominadas “macumba” na sociedade. O sociólogo Émile Durkheim apresenta este comportamento como o fato social, que se compõe por meio da própria influência da sociedade sobre os indivíduos, através de poder coercitivo sobre o ser, e que é construído socialmente. Portanto, a visão escassa sobre os costumes africanos são resultado de anos de ausência de conhecimento correto e transmissão correta sobre os mesmos. A educação torna-se, consequentemente, a principal moldadora da sociedade sobre o assunto. Porém, até o ano de 2003, não existia uma orientação obrigatória do Governo Federal no Brasil para estabelecer diretrizes sobre o ensino de cultura e história africana nas escolas públicas e particulares no país. O presente fato demonstra a histórica despreocupação com a inserção do negro no corpo social brasileiro, o que resultou na construção de diversos adesivos sociais - que agora precisam ser desconstruídos - sobre a população negra. Ao analisar os fatos, torna-se necessário, por conseguinte, a ação do Estado e da sociedade para a correção deste impasse. É função do Ministério da Educação expandir o ensino de cultura africana nas escolas, através de atividades extracurriculares, como palestras de especialistas no assunto. O Ministério das Comunicações deve estabelecer parcerias público-privadas com as televisoras do país para transmitir filmes e documentários que envolvam a história do povo negro brasileiro. É dever da sociedade buscar o respeito a culturas diferentes, além de buscar conhecimentos corretos sobre os referentes tópicos, para que o Brasil possa caminhar em direção a multiculturalidade e consideração mútua.