Na mitologia grega, Cronos é o Deus do tempo que se alimenta dos próprios filhos com medo de perder o posto para eles. Por conseguinte, a metáfora representa que o tempo consome tudo, e quando aprisiona impede renovação e evolução. Hodiernamente, esse mito assemelha-se ao drama dos refugiados no Brasil, tendo em vista que a macróbia falta de novas posturas, cidadã e governamental, em frente do problema é um dos modos mais decadentes de uma nação que se diz filantrópica. Em primeiro lugar, é inquestionável que a questão histórica esteja entre as causas do problema. Segundo Max Weber, a ação social movida por um indivíduo é dotada de um sentido intersubjetivo, que o motiva intrinsecamente. Seguindo essa linha de pensamento do sociólogo, vê-se que esse comportamento é uma ação social tradicional e é motivado historicamente no país, uma vez que desde o período imperial de Dom Pedro I há presença de ações com caráter xenofóbico, como a “noite das garrafadas” que salientou uma rivalidade repressora internacional. Outrossim, destaca-se também que a questão capitalista contribui para a resistência desse paradigma. A teoria do materialismo dialético e histórico de Karl Marx afirma que o modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida comunitária, política e intelectual em geral. Nesse sentido, a sociedade puramente capitalista apresenta uma intensa resistência a um maior questionamento a cerca dos planos pessoal, coletivo, e profissional. Logo, a população acaba sendo marcada pela massificação de atos negativos, como não refletir na vida e saúde do próximo, além de buscar apenas escolhas que conduzem ao que pode ser mais lucrativo. Um exemplo atual tem como base os venezuelanos que foram retirados à força pela população, acusados de excluir vagas de empregos supostamente destinadas aos cidadãos nativos. Infere-se, portanto, que medidas são necessárias a fim de atenuar efetivamente essa forma de violência. É primordial que o Governo Federal, por meio de envio de recursos, promova assistência e adaptação aos refugiados, objetivando inseri-los no contexto educacional e econômico, além de gerar informação, percepção e conscientização na sociedade em geral, através da mídia televisiva. Ademais, urge que a escola, por meio de palestras, aulas temáticas e debates, que envolvam a família, instale a reflexão e consciência nos jovens e adultos, enfatizando a formação de cidadãos que valorizem a inclusão social e o respeito às diferenças. Assim, Cronos tornar-se-á morto pelo avanço humanitário.