Durante o século XIX, o fluxo imigratório era intenso no país e em razão disso foi criada a Casa do Imigrante, em São Paulo, a fim de fornecer amparo e instruções aos novos habitantes. Contrária a esta realidade, no hodierno mundo globalizado, refugiados, em busca de uma pátria e de direitos humanos, são bem-vindos ao Brasil, mas sem nenhuma garantia de cuidados e igualdade. A ausência de suportes para recepcionar e amparar os refugiados, quebra com a expectativa de um país multicultural, em que a igualdade e direitos humanos são garantidos por lei. Em face disso, vale ressaltar a realidade dos expatriados venezuelanos, no qual o número destes, em Roraima, quadruplicou em apenas dois anos, resultando na presença de uma comunidade miserável, em virtude da incapacidade do Estado brasileiro em fornecer serviços básicos. Com isso, fica explícito que o Brasil também está em consonância com o cenário excludente que domina o mundo contemporâneo. Parafraseando Zygmunt Bauman, com a globalização, problemas locais desaparecem concomitante à relação direta com o panorama global. No entanto, é notório a contrariedade das nações mundiais à lógica do sociólogo, pois no contexto atual é crescente os casos de intolerância, a exemplo de constantes manifestações contrárias à presença de refugiados na Europa. No Brasil, seu descomprometimento é representado pela não aplicação da Lei do Migrante, que garante a proteção aos apátridas. Evidencia-se, portanto, uma preocupação restrita ao que é local, em detrimento dos problemas globais. Diante dos fatos mencionados, é evidente a inevitabilidade de mudanças a fim de modificar esta realidade excludente. Para isso, cabe ao Governo Federal, a partir do plenário, o desenvolvimento de projetos que garantam o direito do refugiado, como a implantação de mais departamentos de imigração, nas fronteiras, com o intuito de facilitar e oficializar a entrada destes expatriados e a busca de parcerias com ONGs, para auxiliar na promoção de serviços básicos de saúde aos necessitados. Como também, o fornecimento de cursos de aprendizagem da língua portuguesa, possibilitando uma rápida inserção social. Deste modo, tem-se a chance de mitificar este cenário e, logo, estabelecer uma solidariedade às causas globais.