O programa Conexão Repórter, exibido pela rede Globo, há pouco tempo mostrou o drama de pessoas desaparecidas no Brasil. Como se não bastasse, a recente onda de desaparecimento de crianças e adolescentes revela o descaso de órgãos responsáveis por dar suporte às famílias, somado à falta de empatia da sociedade, o que, de fato, dificulta as buscas e contrai a esperança de parentes das vítimas. Sob um primeiro ponto de vista, o sociólogo Bauman, em sua obra "Modernidade líquida" , critica o individualismo presente na sociedade contemporânea. Ou seja, a falta de empatia faz com que, rotineiramente, milhares de pessoas fechem os olhos para a questão do desaparecimento infantil, ao pensar, erroneamente, que isso nunca acontecerá com elas, sendo que tal problemática deve englobar toda a sociedade civil com o intuito de efetivar as buscas. Dessa forma, de acordo com o jornal Band News, calcula-se que a cada quinze minutos uma criança desapareça no país, logo essa informação intensifica a importância do rompimento da individualidade social, objetivando uma maior mobilização por essa triste causa. Secundariamente, o sofrimento das mães diante do desaparecimento de um filho aumenta à medida em que o devido suporte não é oferecido. Em outras palavras, a obsolescência da investigação policial, a qual, mesmo após a criação da lei 11.259, que determina a busca imediata de pessoas desaparecidas, mostra-se ineficaz, uma vez que o engajamento necessário demora a acontecer, fator que, segundo o repórter Caco Barcellos, agrava em setenta por cento a chance da criança ser encontrada. Dessa maneira, é crucial fiscalizar ferramentas de buscas de desaparecidos no país, para alimentar a esperança e romper com a angústia vivida por tantas mães que esperam reencontrar os filhos. Destarte, o drama de crianças desaparecidas revela-se, no Brasil, como uma problemática resultante do descaso policial às investigações, junto à escassa empatia social. Em virtude disso, o Ministério Público deve, por meio de vias judiciais e extrajudiciais, fiscalizar o cumprimento da lei 11.259 em todas as delegacias de polícia espalhadas pelo país, penalizando, mediante multa financeira, aquelas que não dêem entrada imediata nos boletins de ocorrência, visando uma maior porcentagem no sucesso das buscas de desaparecidos. Outrossim, o Estatuto da Criança e do Adolescente, em parceria com o Ministério da Educação, pode, por intermédio de veículos midiáticos, elaborar vídeos que relatem a importância do engajamento social no encontro de crianças perdidas, promovendo uma maior mobilização por essa causa e descaracterizando o individualismo de Bauman no país.