“Cruzando caminho do sol”, livro de Corban Addisson, retrata o sequestro e a sujeição de adolescentes à violência sexual após a sua venda no tráfico. O desaparecimento de pessoas no Brasil pode ter vários fins, entre eles o das adolescentes protagonistas do livro, mas possui apenas um começo: a ineficiência do Estado e da sociedade em proteger os vulneráveis e controlar a violência no país. Em princípio, os cenários de carência no quesito segurança pública das cidades brasileiras favorecem o ambiente para seqüestros. As histórias divulgadas em jornais ou por via oral repetem exemplos clássicos de crianças que desapareceram no trajeto para a escola, ou brincando nas ruas de suas casas, ambientes que deveriam ser seguro para o trânsito e permanência dos cidadãos, mas revelam-se armadilhas às liberdades individuais. Em segundo lugar, deve-se citar os problemas enfrentados nas delegacias para registrar o desaparecimento e iniciar as buscas pelas crianças desaparecidas, que deveriam ter início imediato para evitar que o desaparecido, em caso de sequestro, seja deslocado e as chances de encontro diminuam. No entanto, os deveres não recaem somente ao Estado. As famílias e comunidades são também responsáveis, pela Constituição, pelo bem comum da população, portanto é necessário que se mobilizem para alertar as crianças e adolescentes dos riscos que encontrarão nas ruas e como se prevenirem. Atitudes como essas evitam finais trágicos que deixarão traumas e submeterão os desaparecidos à condições desumanas de vida. Urge, portanto, uma ação conjunta do Estado e da comunidade, com auxílio de campanhas de televisão em um acordo com emissoras. O Ministério da Segurança Pública deve buscar investimento do governo federal para aumentar o policiamento nas áreas mais afetadas, por meio da contratação de mais profissionais quando não é possível realocar os policiais já em trabalho. Além disso, o Poder Legislativo deve alterar a lei, tornando prioridade a procura de crianças e adolescentes desaparecidas nas horas anteriores.