O desaparecimento de crianças é um drama que atinge muitas famílias brasileiras. Realmente, é desesperador ter um filho desaparecido e não saber em que situação ele se encontra, se está sendo bem ou maltratado, ou mesmo se faleceu. Para um pai ou uma mãe a dúvida é a pior forma de tortura. Não é mais possível levar uma vida normal após um acontecimento dessa espécie. Todavia, há que considerar-se que nem sempre os pais são as vítimas. Muitas vezes, são eles que causam eventuais fugas de seus filhos. Dessa forma, os desaparecimentos têm dois lados a serem considerados. Por um lado, as crianças podem realmente ter desaparecido sem que os seus genitores tenham concorrido em nada para tal fato. Em um mundo onde há redes organizadas de pedófilos, traficantes de órgãos e de seres humanos e indivíduos com outras sortes de desvios comportamentais, é necessário cuidar para que os filhos não sejam sequestrados. No mundo todo, são famosos os casos como os da menina Madeleine. Ela desapareceu do quarto do hotel em Portugal, onde seus pais saíram após deixarem-na dormindo e não se soube mais notícias dela. Até hoje, passados mais de dez anos, esse caso não foi desvendado. Ainda há outras crianças que são raptadas e passam muito tempo em cativeiros dos quais conseguem fugir após décadas de esconderijo. A pessoa não só fica à mercê do sequestrador, como permanece privada do convívio com a família e a sociedade por toda a vida. Essa é uma das formas mais cruéis de sofrimento. Por outro lado, contudo, frequentemente, os próprios responsáveis contribuem para o desaparecimento de seus filhos. Trata-se de famílias completamente desestruturadas onde os genitores podem ser alcoólatras, viciados em drogas, violentos entre si e com os filhos. Normalmente, crianças de classes desfavorecidas fogem e passam a viver nas ruas das cidades. Esses menores são considerados ‘desaparecidos’. Esse drama pode atingir também pequenos de classe média, de forma mais silenciosa. O fato é que muitos dos considerados desaparecidos são pessoas que, em realidade, se evadiram da casa dos pais por sofrerem abusos físicos ou psicológicos. Finalmente, pode-se inferir que, antes de lamentar as estatísticas relativas aos desaparecimentos, é preciso refletir sobre o que esses números significam. Eles encerram duas faces de uma mesma realidade.