Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, a sociedade contemporânea está submersa em relações supérfluas e frias, nas quais predominam o individualismo e a instabilidade. Tal cenário é refletido nas redes sociais, nas quais ocorre a crescente propagação dos discursos de ódio, que incitam a discriminação e a violência. Isso acontece, sobretudo, pelo descrédito na efetivação das leis e a reprodução ignorante de ideologias. Em primeira análise, convém destacar a incoerência do ideário de impunidade presente na internet, em que muito se afirma ser uma “terra sem lei”, uma vez que pouco se sabe das consequências legais da disseminação de discursos racistas, sexistas, xenofóbicos, entre outros que infringem os direitos presentes na constituição brasileira. De acordo com Gisele Truzzi, advogada especialista em Direito Digital, as atitudes consideradas como crime de ódio no mundo virtual são as mesmas no mundo offline, dispondo, portanto, das mesmas penalidades. Em segunda análise, vale a percepção do “Efeito Lúcifer”, proposto pelo psicólogo Philip Zimbardo, no qual acredita-se que o ambiente pode favorecer homens “de bem” a cometerem atrocidades em total esquecimento de si e dos valores éticos e morais. Nesse âmbito, a intensificação dos casos decorre da falsa impressão de invisibilidade, na qual o indivíduo se sente seguro, motivado e onipotente, ou seja, protegido pela tela do computador ou celular, perfis falsos e o anonimato. Diante do exposto, é evidente que há entraves que impedem os membros das redes sociais a usufruírem de uma ambiente livre de discriminação. Portanto, cabe às próprias redes sociais promover campanhas de conscientização, de modo a valorizar as diferenças e instigar o pensamento crítico e ético nos conteúdos dispostos nas mídias sociais. Ademais, é preciso que essas filtrem minuciosamente as publicações, banindo usuários que não sigam as normas da plataforma. Outrossim, é imprescindível que as vítimas realizem boletins de ocorrência e procurem um advogado para o caso. Logo, com a execução dessas medidas será possível a resolução do imbróglio.