Em 2011, mais uma tragédia abalou o mundo, um atentado terrorista ao jornal francês Charlie Hebdo. Em seguida, nas redes sociais, ocorreram inúmeras publicações com “hashtags” em apoio ou contra aos chargistas mortos. No lugar de argumentações civilizadas, imperou o mesmo festival de agressões que, nas eleições presidências de 2014, semeou o ódio e destruiu amizades. Nesse cenário, é necessário apontar como a questão cultural e da segurança de dados influenciam essa problemática. Em primeiro lugar, deve-se analisar como o conservadorismo é um obstáculo nesse tema. Isso porque a sociedade brasileira, historicamente, é marcada pela intolerância. Prova disso, segundo Mapa da Violência, o Brasil é o país que mais mata mulheres no mundo. Nesse sentido, em analogia ao pensamento do filósofo Schopenhauer, devido ao patriarcalismo, as pessoas tomam os limites do seu próprio campo de visão como os limites do mundo. Desse modo, as mídias sociais, apenas, potencializam e disseminam os discursos de ódio que já existem fora do ambiente virtual. Consequentemente, os casos de homofobia ou racismo, vistos na internet, são efeitos do preconceito enraizado na sociedade. Além disso, nota-se ainda que a questão da privacidade dos usuários também é importante para a compreensão dessa discussão. Isso porque muitos servidores e aplicativos dificultam o acesso da justiça aos seus bancos de dados e, com isso, não ocorre á devida punição aos criminosos. Dessa maneira, a justiça do Rio de Janeiro determinou o bloqueio de um aplicativo de mensagens, visto que a empresa negou decisão de compartilhar dados de pessoas investigadas. Segundo jornal Carta Capital, são feitas 2.5 mil denúncias, por dia, em relação aos crimes virtuais, em que 63% são decorrentes dos discursos de ódio. Por conseguinte, a impunidade existente nesse cenário estimula a permanência desses crimes. Fica evidente, portanto, como a sociedade e as próprias mídias sociais são responsáveis pelo discurso de ódio na internet. Em razão disso, as instituições de ensino devem preparar os alunos para uma atuação crítica no ambiente virtual, de forma que a postura dentro e fora das redes digitais seja consciente e aberta ao debate. Tal ação deve ser feita por meio de aulas temáticas, palestras ou rodas de discussões que envolvam a questão da consciência na manifestação de ideias, a fim de que a sociedade seja menos intolerante. Só assim, as redes sociais se tornarão livres de ações preconceituosas como as vivenciadas nas eleições de 2014.