Segundo a Declaração Universal dos Direitos do Homem, publicada em 1948, todos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Todavia, no Brasil, quando observada a ascendência de discursos de ódio nas redes sociais, percebe-se o negligenciamento do que foi proposto pelo documento. Nesse contexto, convém analisar as questões que motivam essa realidade, bem como caminhos para combatê-la. Cabe pontuar, em um primeiro plano, aspectos da natureza humana com impulsionadores para a hostilidade virtual. Machado de Assis, em sua obra “Memória póstumas de Brás Cubas”, descreve o homem com um ser corrupto e desprovido de virtudes. Sob a linha de pensamento do autor e em consonância com o ideário hobbesiano de que “o homem é o lobo do homem”, pode-se inferir que a maldade e o rancor são intrínsecos à condição humana, cabendo ao indivíduo, dessa forma, o controle e a responsabilidade pelos atos em sociedade. Vale ressaltar, em uma análise mais profunda, a insuficiência governamental na solidificação da incitação ao ódio. Nesse sentido, apesar de a Constituição Federal prever proteção legal contra o preconceito, não há, ainda, uma lei que criminaliza a violência nos meios de comunicação. Tal fato pode fomentar a continuação do discurso de ódio e acentuar os índices de suicídio no país, conforme mostrado na série “13 Reasons Why”, em que a protagonista – vítima de cyberbullying – recorre ao suicídio como alternativa aos insultos sofridos em redes sociais. Fica clara, portanto, a necessidade de medidas que solucionem o impasse observado. Nesse aspecto, é imprescindível que o Ministério da Educação, mediante ideário de Hellen Keller, de que a tolerância é o resultado mais sublime da educação, promova, em parceria com as instituições escolares e por meio de profissionais especializados – como psicólogos -, palestras de cunho reflexivo, com o fito de conscientizar os jovens acerca das consequências do discurso de ódio. Além disso, é imperiosa a atuação do Poder Legislativo na criação de um projeto de lei que criminalize toda e qualquer incitação à discriminação no meio virtual, com vistas a punir os agressores e diminuir a ocorrência de tais práticas. Dessa maneira, caminhar-se-á para a melhora da índole dos indivíduos e, portanto, para a suplantação do pensamento pessimista de Machado.