A Constituição Cidadã de 1988 trouxe importantes avanços no que concerne a participação política por meio do voto, estendendo o direito a analfabetos e jovens entre 16 e 18 anos. No entanto, embora legalmente haja mecanismos para uma maior efetivação popular, na prática, tal ação não ecoa na sociedade brasileira como um modo crível de mudanças sociais. Nesse sentido, é necessária a discussão acerca da importância da educação política de qualidade e do papel da sociedade civil na consolidação desse direito. O modelo de democracia representativa pressupõe a eleição de candidatos que estejam em consonância com a vontade popular. Entretanto, ao contrário do que é disseminado na percepção política da maioria, tal procedimento não se encerra com a participação estrita às urnas. Sob essa perspectiva, para que o cidadão compreenda seu poder com o instrumento do voto é crucial o acesso a informação acerca do funcionamento político. Ademais, o exercício da cidadania deve estar atrelado ao debate público de ideias e propostas, e desse embate a materialização da ação por intermédio do voto. Dessa forma, é indispensável a construção de espaços onde as pautas políticas ganhem contornos de direito. De acordo com filósofo Rosseau, o Estado deve ser resultado da vontade geral, para tal é de fundamental importância que tal soberania reflita bases qualitativas de escolha. Portanto, de modo a proporcionar ao cidadão um voto mais consciente e crítico, é salutar a disseminação da informação política. Sob esse viés, com fito de que a percepção esteja presente no cotidiano, é possível o uso das redes sociais para a veiculação de conteúdo claro e didático, além de informativos em meios de transporte e serviços públicos. Tal ação pode ser realizada pelo Ministério Público em parceria com as universidades, em que faria parte das atividades extracurriculares, a contribuição das diversas áreas para a otimizar a educação política nacional.