Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais de que o Brasil necessita?

Redação enviada em 04/10/2018

O ano era 1988 e o Brasil passava pela sua redemocratização. Vinte anos sob um regime de ditadura fez com que o país ansiasse pela democracia. Porém, mais vinte anos depois, a sociedade nacional parece não compreender ao certo seu papel nesse contexto, em um sistema que insiste em reduzir cidadão a eleitor. Meio a uma desigualdade social abissal, a retomada do poder ao povo faz-se mister. Brasília nunca esteve tão distante, e a única forma de ocupá-la é pelo despertar do senso crítico via Educação. Primeiramente, deve-se compreender como a cidadania não constitui parte integrante da vida da maioria dos brasileiros. Em tempos nos quais política virou carreira profissional rentável, e o cidadão foi reduzido a mero eleitor, o espírito da democracia, em seu sentido etimológico de “governo do povo”, parece ter se subvertido em governo de alguns. Apesar do modelo nacional optar pelo viés representativo, a grave crise de representatividade enfrentada, atualmente, faz com que a população perca progressivamente o encanto pelo fazer público. Também, não é de espantar-se, tendo em vista que o Congresso é ocupado majoritariamente por homens, brancos e ricos, padrão que não encontra consonância alguma com uma sociedade heterogênea como a nacional. Além de não se reconhecer nos seus supostos representantes, os espaços públicos como a Câmara, ou uma prefeitura qualquer, demonstram-se como ambientes estranhos, quase inapropriados ao cidadão comum. Até a própria legislação, devido aos seus termos rebuscados, não são compreensíveis para a maioria dos naturais. Assim, o nacional é desconectado do fazer público, sendo o voto a única parte que lhe cabe. Todavia, diante do cenário supramencionado, a população sente-se incapaz de mudar a realidade na qual está inserida, até mesmo via voto. A ideia de que o voto individual surte pouco efeito ante ao colégio eleitoral completo, leva a muitos minimizarem a importância desse ato, essencial não só para a manutenção da democracia, bem como para seu valor como agente de mudança social. Partindo do pressuposto que política influencia diretamente a vida de todos, seja na dinâmica das cidades, seja no plano econômico, por exemplo, votar é, sem dúvidas, indispensável para que os anseios do povo sejam escutados, mais do que isso, sejam representados adequadamente no debate público e virem prioridade. Nesse ínterim, votar baseado naquilo que se almeja como nação é imprescindível para a construção de um país mais justo e menos desigual. Contudo, a apolitização, quando não aversão, do povo à política e a crise de representatividade são fatores que se retroalimentam no círculo de um fazer público descompromissado com seu povo. Um obstáculo transponível apenas por meio da educação à democracia desde o inicio da vida, o que não pode ser observado na contemporaneidade. Infere-se, portanto, que o voto como meio imperioso para uma democracia que vise o bem de todos, dando fim à desigualdade social, tem se perdido meio à descrença do sistema político em um país que não ensina efetivamente seus cidadãos sobre cidadania e política. Para revertar tal quadro, faz-se vital que o Ministério da Educação introduza na Base Curricular Comum a disciplina de educação à democracia nas Escolas, em período escolar adequado, abordando tópicos para além da história do modelo político, mas também a importância do voto, o funcionamento dos Três Poderes entre outras formas de concretização da cidadania para além do dias urnas. Dessa maneira, incute-se na nova geração o ideal político, fazendo com que o país se reapaixone pela democracia e entenda-se como agente de mudança social.