Segundo o filósofo e sociólogo francês, Jeans-Jacques Rousseau, a soberania política deve emanar da população, sendo ela, portanto, o principal agente de transformação social. Todavia, tal ideal proposto durante o período iluminista ainda não se concretizou na sociedade brasileira, o que dificulta mudanças no cenário de desigualdade do país. A constante exposição à manchetes que retratam o quadro de corrupção associadas ao baixo conhecimento do sistema eleitoral por grande maioria dos brasileiros contribui para que o engajamento político se torne obsoleto. Neste sentido, são necessárias mudanças que busquem a resolução dessa problemática. Primeiramente, é importante destacar que a falta de instrução a respeito do funcionamento do sistema político do Brasil contribui para que a representatividade do povo, garantida pela Constituição Cidadã de 1988, transforme-se em um ônus a mais para o mesmo. Apesar de durante a Primeira República Brasileira existir um caráter democrático, era comum, em períodos eleitorais, o voto de cabresto. Essa prática consistia em obrigar a população, principalmente a rural, a votar, de acordo com as ordens dos coronéis, nos candidatos escolhidos por estes; desse modo, verifica-se que embora possuindo o direito à participação política, grande contingente eleitoral permanecia alienado diante do desenvolvimento do país. Atualmente, mesmo que essa atividade esteja extenuada, é possível verificar a semelhança absorta de escolhas a cargos que não pertençam à área executiva, como deputados e governadores, por exemplo. Em segunda análise, é fundamental o ensino político no ambiente escolar, a fim de que a juventude brasileira desenvolva senso crítico perante seu papel como agente de ratificação do regime democrático. Em 1992, teve início o movimento conhecido como "Caras-pintadas", essa manifestação constituída em sua maioria por jovens objetivava a deposição do então presidente Fernando Collor de Mello, acusado de corrupção. Nota-se, dessa maneira, que a transformação social do Brasil perpassa pela camada estudantil, sendo necessário, por isso, a atuação eleitoral da mesma. Analisando os fatos supracitados, fica claro, portanto, a necessidade de maior participação popular na política do país, a qual por meio do voto, possibilita as transformações para o crescimento do Brasil. Neste sentido, é preciso que o Estado, em especial o Ministério da Educação, invista na capacitação eleitoral dos jovens estudantes. Para isso, as escolas devem promover debates e seminários buscando a qualificação do senso crítico entre os alunos, além de incluir o ensino do sistema eleitoral à grade de Sociologia. Ademais, é papel dos veículos midiáticos, como rádios, websites e telejornais, instigar a população à discussão política através de propagandas e campanhas, sob os quais permaneçam a vericidade das notícias apresentadas. Dessa forma, espera-se que a concepção política outrora expressa por Rousseau faça parte do Brasil contemporâneo.