Desde o período antigo, filósofos como Sócrates sinalizavam a importância da reflexão e de questionamentos acerca do mundo. A partir disso, percebe-se que o indivíduo que não busca conhecimento tem seus direitos limitados e o seu pensamento manipulado. Nesse contexto, deve-se analisar como a ineficiência legislativa e a mentalidade social contribuem para a cristalização do problema. Primeiramente, é inegável que a questão constitucional e sua aplicação esteja entre as causas do problema. Isso decorre da instituição do voto como obrigatório pela Constituição Federal. Com isso, o dever no cumprimento de uma lei não levou em consideração o real interesse e comprometimento em relação ao voto. Nesse sentido, percebe-se que adotar o voto somente como um direito e não como uma obrigação, exerceria de fato a democracia. Pois, a participação eleitoral optativa abriria margem a eleitores que realmente se interessam por política e que buscam uma participação efetiva. Além disso, nota-se, ainda, que aliado a um processo de conscientização da população, o sufrágio, pode transformar a realidade de um país. Isso porque, uma nação que questiona não identifica a função política de forma isolada da sociedade. Dessa forma, observa-se que o amadurecimento ético e político de um povo exige esclarecimento e interesse quanto a função do governo. Não é por acaso, então, que 42% dos brasileiros não acompanham regularmente os acontecimentos ligados ao governo e a política nacional, de acordo com uma pesquisa no site Politize. Torna-se evidente, portanto, que há barreiras que impedem a real transformação pelo voto. Em razão disso, o Governo Federal e o Congresso Nacional devem aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que instauraria o voto facultativo, com o intuito de promover uma democracia plena. Ademais, o Ministério da Educação, aliado a estudiosos políticos deve tornar obrigatório o ensino sobre política na carga horária dos ensinos infantil, fundamental e médio, com o objetivo de formar cidadãos críticos e que tenham anseio de aprender e opinar sobre o governo. Assim, o modelo da dialética proposto por Sócrates será congruente a modificação que se espera do voto.