O sufrágio universal foi defendido pela Revolução Francesa em 1789 na Declaração dos Direitos dos Homens e se tornou o símbolo da democracia indireta. No Brasil, o direito ao voto foi conseguido pela primeira vez na Constituição de 1891, direito que não foi o suficiente para resolver os problemas políticas do país, mas acabou agravando-os em uma situação que persiste até hoje. Os políticos brasileiros, atualmente, são eleitos pela confiança na habilidade de discurso e de carisma, caracterizando a dominação carismática de Max Weber. Ao contrário do que deveria acontecer, os políticos não são eleitos pela sua capacidade funcional provando que o voto não é o suficiente para boa representação política desde a República Velha, na qual o "voto de cabresto" promoveu a República das Oligarquias por quase 40 anos. Nesse sentido, observa-se que o eleitor brasileiro não tem consciência política, não acompanha o funcionamento da esfera pública, além de confiar nos funcionários da democracia. Esse quadro favorece, assim, as práticas do que Sérgio Buarque de Holanda chama de "cultura do personalismo", em outras palavras, o jeitinho brasileiro. Em consequência de ações como venda de voto, o direito ao voto contribui para o mau funcionamento da política brasileira, comprovando que a sua obrigatoriedade não é suficiente quando a população desconhece a política e o seu funcionamento. Urge, portanto, que o Ministério Público Eleitoral, em parceria com o Ministério da Educação, planeje um programa para orientar a população sobre a importância das eleições e da consciência eleitoral. Deve-se instituir no currículo do 1º ano do ensino médio um curso sobre o assunto, que deverá ser ministrado por funcionários do Ministério Eleitoral e, durante as aulas, deverá incluir histórico e princípios dos principais partidos políticos do país. O objetivo do curso será criação da consciência política nos alunos, fazendo-os refletir sobre as eleições e, apenas assim, há a possibilidade da mudança do perfil eleitoral brasileiro.