Logo após a Proclamação da República, a sociedade conquista o voto direto, em 1891, como mecanismo de eleição dos seus representantes. Todavia, isso não impediu a ocorrência de eleições ilegítimas, com a escolha de candidatos, muitas vezes, comprometidos somente com o bem-estar de uma parcela da população. Esse período, inserido na República Velha, ficou conhecido como sendo o da Política de Café-com-leite, pela alternância, no poder, de candidatos paulistas e mineiros. Foi marcado por fraudes nas eleições e pelo voto de cabresto. Isso porque o voto ainda não era secreto. Dessa forma, detentores do poder político e econômico manipulavam as eleições para que os candidatos que desejassem saíssem vitoriosos. Isso garantia a defesa de seus interesses. As mudanças ocorridas em 1930, como o direito feminino ao voto e este tornar-se secreto, promoveram algumas alterações positivas a esse contexto. Entretanto, a sociedade brasileira preserva uma herança negativa dos anos iniciais da república: o coronelismo. Com frequência ouve-se de alguém falas como “aquele candidato ajudou minha família, por isso todos nós votamos nele”. Parece, assim, haver um esquecimento ou desconhecimento do papel social que os representantes políticos possuem. E que ao garantir o bem-estar da população, eles estão apenas cumprindo suas atribuições políticas, inerentes ao seu cargo. Para promover as transformações que o Brasil necessita, portanto, é preciso, antes de tudo, que a sociedade entenda os papéis políticos dos seus governantes e que o exercício desses não configura favores à particulares, mas sim a garantia de direitos à população. Por outro lado, é importante que, nas eleições, sejam escolhidos candidatos com trajetória política idônea e comprometidos com o desenvolvimento de toda a sociedade e não só de setores desta.