Título da redação:

Os impasses do combate à pedofilia na sociedade fluida

Tema de redação: O desafio do combate à pedofilia no Brasil Contemporâneo

Redação enviada em 30/07/2017

Os avanços da psicanálise no estudo das relações sociais e as ações do Estatuto da Criança e do Adolescente foram cruciais para discussão da pedofilia e criação de mecanismos de combate ao abuso sexual infantil. Todavia, o cenário atual das novas tecnologias trouxe como novo desafio o que o sociólogo Zygmunt Bauman chama de “modernidade líquida”, cuja principal característica é a fluidez das relações sociais em um ambiente virtual caracterizado pela incerteza. Dessa forma, a dificuldade em encontrar e punir os pedófilos quando o abuso ocorre nas redes sociais ou no próprio âmbito familiar, torna-se um desafio ao combate da pedofilia no Brasil. A internet permite que vínculos sejam estabelecidos e rompidos de forma instantânea e que a real identidade dos internautas seja, por vezes, escondida com criação perfis falsos nas redes sociais. Essa fluidez associada ao anonimato dos usuários cria um espaço onde a punição é extremamente difícil e, dessa forma, a prática da pedofilia cresce e se torna um paradigma na sociedade brasileira. Isso porque os pedófilos que antes não tinham coragem de se expor, agora tem um canal facilitador de comunicação, onde o compartilhamento de imagens e vídeos colabora para uma prática cruel e que causa traumas imensuráveis na vida das vítimas. Dados fornecidos pela Unicef comprovam isso ao mostrar que a cada dia, em média, cinco crianças são vítimas de violência sexual on-line. A dificuldade em encontrar e punir aqueles que praticam o abuso também ocorre quando os pedófilos são membros do grupo familiar ou pessoas muito próximas à vítima. Jovens e crianças são muitas vezes ameaçadas ou influenciadas a consentir com o abuso, uma vez que o autor é alguém conhecido e comum à sua convivência. Esse fato se torna ainda mais preocupante ao analisar uma pesquisa divulgada pela 4ª Delegacia de Polícia de Repressão à Pedofilia do DHPP que afirma que 40% dos pedófilos tem parentesco com a vítima. Dessa forma, é crucial que o Ministério da Educação promova debates escolares sobre abuso sexual e desenvolva um programa eficaz de combate à pedofilia, no qual professores e psicólogos devem trabalhar juntos e atentos às alterações de comportamento dos alunos, buscando identificar possíveis casos de abuso sexual. A Secom, por sua vez, deve ampliar os investimentos em propagandas de TV e internet que motivem as denúncias, uma vez que essas são cruciais para descoberta de casos de pedofilia. Ademais, os aplicativos de mensagens e redes sociais devem colaborar com as investigações policiais, criando estratégias virtuais que possibilitem identificar sinais de abuso infantil na internet. A motivação da sociedade no combate à pedofilia é crucial para driblar os desafios contemporâneos.