O consumo de drogas, sejam lícitas ou ilícitas, sempre gera conflitos. No Brasil, essa realidade não é diferente, principalmente ao se considerar os problemas decorrentes do tráfico. Nesse contexto, a visão do escritor Franz Kafka, de que a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana, diz muito sobre a necessidade de se debater o assunto enquanto sociedade, visando buscar medidas para solucionar a problemática em questão. À priori, deve-se associar o que o sociólogo Emilé Durkheim disse sobre o fato social à construção do caráter nas periferias. Nesse viés de pensamento, não é absurdo identificar nos jovens envolvidos com o tráfico a pressão exterior e coletiva do ambiente em que se encontram. Fatores como a promoção social, atrativos financeiros e a possibilidade de ajudar a família, são exemplos de benefícios encontrados na vida do crime. Dessa maneira, o problema é intrínseco à sociedade, uma vez que envolve a ausência do estado nesses locais e a territorialidade dos grupos armados: ambos contribuindo para a diminuição do papel da escola enquanto instrução dos futuros cidadãos. Outrossim, em uma lógica de mercado com a lei da oferta e procura, o tráfico só cresce porque o número de usuários também é expressivo. Em seus estudos sobre a sociedade moderna, Zygmunt Bauman foi taxativo ao afirmar sobre a inquietação decorrente da fluidez da vida na era tecnológica, contribuído, por conseguinte, para uma procura pela automedicação e até mesmo fuga da realidade. Logo, o problema se torna ainda mais invisível, já que possui raízes na mentalidade humana e na sua relação com o mundo atual. Portanto, combater o uso de drogas e os problemas decorrentes não é uma tarefa simples, mas como forma mitigadora algumas medidas precisam ser tomadas. É mister que o Governo Federal direcione verbas para a Secretaria de Segurança de cada estado com o intuito de melhorar o patrulhamento policial nas ruas e contratar investigadores para combater milícias. Dessa forma, também, aumentar o salário dos policiais evitaria a corrupção desse segmento. Ademais, é preciso expandir a visão do vício como questão pública de saúde. Para tal, é importante que as Unidades Básicas das comunidades realizem palestras para orientar a família dos usuários, além de disponibilizar psicólogos como forma preventiva, para indivíduos que busquem lidar com problemas decorrentes da vida.