Desde o fim do tráfico negreiro, perpassando pelos ideais liberais, até a Lei Abolicionista da escravidão no Brasil, muito se discutiu sobre o trabalho escravo no país. Contudo, mesmo sendo inconstitucional a utilização da mão-de-obra escrava, existe, ainda, a chamada escravidão contemporânea – que impõe ao funcionário péssimas condições de serviço e viola aos Direitos Humanos desse. “A desigualdade corrói a virtude cívica” – Michael J. Sandel. Tal frase, do renomado filósofo e professor de Harvard, traz à tona a consequência causada por quaisquer das formas de desigualdades existentes. Muitos, por necessidade financeira, aceitam submeter-se à condições extremas de trabalho escravo, ansiosos por meios de sobreviverem. Nesse contexto, os empregadores são, na maioria das situações, donos de lavouras que necessitam de trabalho braçal e intenso. Assim, embora estejam em uma posição melhor que a dos escravos hodiernos, eles também estão à mercê do sistema capitalista que requer deles produtividade constante para exportação ao mercado consumidor. Ademais, são diversas as formas de escravidão moderna. Essa atinge, também, crianças e adolescentes do país. Elas não têm um empregador direto, entretanto, perante as dificuldades socioeconômicas, vão em busca de melhorias para suas famílias. Trabalham por longo período de tempo em troca de pouca remuneração, além de, em determinados casos, arriscarem suas vidas. A questão da escravidão no Brasil é, portanto, uma lacuna ainda existente depois de décadas de abolição da mesma. É necessária uma maior fiscalização, por parte do governo, quanto às condições de trabalho – principalmente em lavouras. Além disso, a implantação, em maior escala, da Guarda Mirim – já existente em algumas cidades do país –, programa que oferece aos jovens oportunidade de inserção em instituições públicas e privadas e remuneração coerente pelos serviços prestados.