Título da redação:

Da Captura à Escravidão Moderna

Tema de redação: O conceito de trabalho escravo em discussão no Brasil

Redação enviada em 16/10/2015

Há mais de um século, a Lei Áurea era assinada findando com a escravidão legal no Brasil. Desde então, o trabalho escravo mudou de forma e de alvos. Os escravistas deixaram de visar uma etnia – os negros – e passaram a procurar uma classe social – os menos favorecidos. O combate a este crime avançou muito no Brasil nos últimos vinte anos, mas é necessária uma maior conscientização populacional e punições reais daqueles que verdadeiramente lucram com a escravidão. A escravidão contemporânea existe em muitas formas. A principal é chamada escravidão por dívida. O processo de captura de vítimas não é complexo: a elas é oferecido um bom emprego, com boa remuneração, em uma localidade distante e de difícil acesso. O transporte ao posto de trabalho é feito pela própria empresa, mas o valor é abatido do salário do indivíduo. Como resultado, o empregado já chega à ocupação em dívida com a empresa e, uma vez lá, ele descobre que o custo de vida local é de monopólio da própria empresa, organizado de modo que ele jamais consiga pagar sua dívida. A situação se transforma de tráfico de pessoas para uma análoga a cárcere privado. Os trabalhadores escravizados estão isolados, quase sempre com pouco alimento e com jornadas diárias que só terminam após a exaustão extrema do corpo. Sem ferramentas, conhecimento ou mesmo força física para uma fuga, sofrem ameaças e abusos constantes. Suas vidas são realmente miseráveis. Felizmente, a política brasileira de combate ao trabalho escravo, que completa vinte anos em maio de 2015, resgatou mais de 47000 pessoas em condições de escravidão. Criado por Fernando Henrique Cardoso, o projeto se tornou um modelo internacional de libertação de pessoas durante o governo do ex-presidente Lula. O programa demonstra o quanto o país se dedica em impedir a escravidão moderna, visando garantir o direito de ir e vir e o princípio da dignidade da pessoa humana, ambos constituídos na Carta Magna brasileira. O programa resgata pessoas com sucesso, mas a situação ideal é aquela em que estas não precisariam ser resgatadas. Para evitar o tráfico de pessoas, é necessária a conscientização da população sobre os riscos em aceitar trabalhos em locais longínquos. Para tanto, o Estado brasileiro deve investir em ferramentas de conscientização voltadas especificamente para a população menos favorecida, para que não seja vítima de sua própria ingenuidade, acreditando em promessas de supostas empresas. A Rede Globo de Televisão já retratou esta realidade em uma de suas telenovelas, mas apenas para mulheres. É necessário reforçar ao povo que 95% dos escravos modernos no Brasil são homens, ou seja, que estes não são imunes ao crime e que, ao contrário, são as principais vítimas. Informações sobre como ocorre o processo de captura de escravos e como são as condições de trabalho devem ser transmitidas em propagandas que alcancem o maior público possível, principalmente masculino.