A conquista de direitos humanos pela sociedade não impede a ocorrência da escravidão no Brasil contemporâneo. Isso ocorre, principalmente, pela falta de aparato do Estado na expansão de uma educação eficaz. Além disso, a quase ausência de fiscais do trabalho em regiões carentes contribui para que existam, nesses lugares, relações análogas à servidão. Como consequência, têm-se pessoas vivendo sob humilhação e castigos por um prato de comida, na maioria das vezes. Logo, o analfabetismo ou o baixo grau de escolaridade é um dos motivos que submete homens e mulheres ao trabalho forçado. Sendo assim, donos de fazendas e garimpos se aproveitam da ignorância intelectual de quem necessita de emprego para obterem lucro. Apesar de situações como essa serem mais comuns em lugares isolados, por causa da falta de fiscalização, isso também ocorre nas grandes cidades, com prostitutas, crianças e vendedores ambulantes, por exemplo. Com isso, a assinatura da Lei Áurea e o estabelecimento de leis trabalhistas na Constituição de 1988 parecem não valerem tanto para muitas pessoas que vivem sob ameaça e sem aparatos governamentais. Infelizmente, tal ineficiência do Estado fere gravemente os direitos humanos. Tem-se como prova uma reportagem da TV Record, na qual foi divulgada a “libertação” de homens submetidos a castigos físicos e agressão moral. O caso foi no Estado do Pará, mas situações parecidas ocorrem no Brasil inteiro, pois as jornadas exaustivas, a servidão por dívida e as humilhações fazem parte do conceito hodierno de escravidão. E essas são as condições de vida de quem desconhece os próprios direitos. Portanto, há uma extrema necessidade de impor dignidade ao trabalho de milhares de pessoas. Para isso, o Estado deve expandir projetos educacionais a fim de formar mentes capazes de defender a liberdade individual. Também é necessário incentivar ONGs e fiscais a minimizarem a triste realidade de servidão nos lugares isolados e nos centros urbanos. A mídia pode se mostrar eficaz ao repassar números e e-mails para a denúncia de quem submete cidadãos à escravidão moderna. Com isso, o Brasil poderá fazer valer os direitos humanos.