O lucro advém da exploração do trabalhador. Assim já provava Karl Marx em meados do século XIX no primeiro livro de "O Capital". Neste mesmo período, o Brasil se encontrava ainda em uma sociedade escravocrata , enquanto nos países europeus o proletariado sofria com condições de trabalho subumanas. Durante o ano de 1888, sob pressão inglesa, a princesa Isabel assina a Lei Áurea, no entanto não se via nesse ato uma real preocupação com os então escravos, mas sim um interesse capitalista, à partir de uma mão de obra assalariada para consumir os produtos industrializados. A população negra e escrava viu-se, então, despejada de sua moradia, já nada possuía, passou a possuir ainda menos, o que gerou, como retrata Machado de Assis na crônica "Bons dias!", uma situação em que negros não eram mais oficialmente escravos, mas por falta de opções passaram a viver num regime de "trabalho análogo ao escravo", como a classe fabril europeia que Marx toma como base em sua análise. Sendo o Brasil um país de industrialização tardia, com uma expressiva elite agropecuária e num modelo latifundiário, a busca por mão de obra barata para gerar maiores lucros no "pós-escravismo" e a consequente condição de trabalho análogo ao escravo, advinda da mesma, estão diretamente ligadas ao poder político da elite ruralista, o que explica mais da metade dos trabalhadores libertos dessa condição entre 2003 e 2014 se encontrarem nessa área. No Brasil, o combate ao trabalho análogo ao escravo pode obter maior êxito e essa condição extinta aumentando-se a fiscalização pelos órgãos competentes, porém é necessário que, devido ao legado histórico e ao impacto social do mesmo, o governo realize uma reforma agrária que além de redistribuição das terras promova a qualificação dos trabalhadores rurais, uma vez que, com a predominância do latifúndio, mais trabalhadores rurais acabam presos em tais condições.