Título da redação:

Lira de infâncias perdidas.

Proposta: O combate à exploração sexual infantil

Redação enviada em 24/09/2017

No poema lira dos meus oito anos escrito pelo poeta romântico Casimiro de Abreu, o eu-lírico rememora a sua infância marcada pela ingenuidade, pela diversão e pela felicidade. Todavia, muitas crianças no Brasil não vivem a idealização apresentada pelo poeta, uma vez que são transformadas em mercadorias para o obtenção de benefício. A exploração infantil é um problema persistente na sociedade brasileira que desrespeita os direitos humanos e retira forçosamente a criança de seu principal período de vida: a infância. A crescente perda do reconhecimento da dignidade humana contribui para a perpetuação da problemática. De acordo com a teoria do imperativo categórico de Immanuel Kant, o ser humano não deve ser tratado como coisa possuidora de valor, mas como indivíduo detentor de dignidade. Nesse contexto, os exploradores infantis contrariam esse princípio filosófico ao coagir, ameaçar infantes com o objetivo de obter vantagens. A transformação do infante em simples mercadoria é uma intolerável ruptura com os direitos humanos, visto que afasta a criança do ideal de infância e sublima as suas oportunidades de estudo, quebrando toda a dignidade infantil. Por isso, a identificação e condenação de exploradores infantis são passos primordiais para a minimização da problemática. Ademais, as frequentes falhas familiares aumentam a probabilidade de ocorrência de casos de exploração infantil na sociedade. Conforme a obra o Émillio do filósofo Jean Jacques Rousseau a infância é um período singular, a qual exige um intenso cuidado familiar para a formação de um novo indivíduo. Contrariando essa tese filosófica, muitas famílias não compreendem sua função e falha com o seu compromisso de educar, cuidar e principalmente proteger. Essa irresponsabilidade geralmente deixam os infantes vulneráveis, de maneira que aumenta a probabilidade da criança ser coagida por um explorador e entrar no submundo da exploração. Tal fato pode ser exemplificado com os últimos dados do Disque 100, canal receptor de denúncias violadoras dos direitos humanos, que relatou uma média de quatro casos por hora de exploração infantil de 2012 a 2016. Então, um acompanhamento do infante pela família se faz necessário para impedir o acesso infantil ao submundo da exploração. Com o intuito de amenizar esse cenário marcado pela ruptura da dignidade infantil, é preciso mudanças em dois modalizadores sociais: o Estado e família. Cabe ao primeiro, por meio do Ministério Público, investigar, acusar exploradores e aplicar penas para desestimular a ocorrência desses crimes. Paralelamente,o segundo deve buscar maior acompanhamento dos infantes, através dos cuidados, da vigilância e da proteção, com o objetivo de impedir eventuais casos no próprio seio familiar. Desta forma, a infância rememorada por Casimiro de Abreu poderá estar na juventude brasileira.