O tráfico de animais silvestres é um crime de proporsões globais, e a terceira maior atividade ilícita mundial, atrás apenas do tráfico de drogas e de armas. Essa verdadeira indústria movimenta bilhões de dólares todos os anos, e o Brasil, por sua enorme biodiversidade, é um importante ator nesse negócio. Como qualquer indústria, essa existe em função de seus clientes. Se existe tráfico de animais, é porque existem compradores. Além disso, essa indústria também segue as leis de oferta e demanda. Dessa forma, cruelmente e paradoxalmente, quanto mais rara uma espécie, maior a sua cotação no mercado do tráfico de animais silvestres, o que contribui para aumentar o seu risco de extinção. Barrar os crimes de tráfico de animais silvestres no Brasil passa por ações conjuntas de governo, entidades não governamentais, mídia, polícia e ministério público. Inicialmente, é indispensável que a população tome consciência da gravidade desta prática e dos prejuízos a curto, médio e longo prazos da extinção de espécies autótonas. A indústria de tráfico de animais também conta com seus “operários” que capturam os animais, exercendo o papel de motor operacional da engrenagem do crime. A mídia pode e vem ajudando nessa conscientização. O governo, junto com o ministério público e as polícias ambientais, por outro lado, precisam criar mecanismos para fiscalizar o cumprimento da Lei de Crimes Ambientais de fevereiro de 1998. Essa lei considera os animais, seus ninhos, abrigos e criadouros como propriedade do Estado, e tipifica a compra, venda criação ou qualquer outro negócio envolvendo animais silvestres como crime inafiançável. Além disso, o governo deve prover alternativas de trabalho lícito às pessoas que vivem nas matas, como alternativa à fonte de renda gerada na contravenção. O desafio é grande, vencê-lo é quase impossível, mas minimizá-lo e reduzí-lo depende exclusivamente de vontade política. Que todos nós sejamos agentes conscientes do nosso papel nessa importante jornada.