Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O cenário desafiador do tráfico de animais silvestres no Brasil

Redação enviada em 16/06/2018

Carlos Saldanha, diretor cinematográfico, em seu filme “Rio”, retrata a história de Blu, uma ararinha-azul, que, ao nascer, foi capturada na Mata Atlântica e levada para o estado de Minnesota, nos Estados Unidos. Assim como a personagem da obra, diversas espécies de animais silvestres são traficadas diariamente no Brasil. Com efeito, esse panorama encontra-se intrinsecamente interpenetrado na sociedade brasileira como subproduto da conivência do corpo social e da ineficácia estatal. Em uma primeira perspectiva, a compactuação da sociedade alicerça a persistência do tráfico de animais, haja vista permitir a perpetuação desse comércio ilegal. Essa conjuntura sociocultural é fomentada pela postura permissiva da população, a qual, além de não denunciar a existência das feiras de animais silvestres, contribui para o alastramento dessa comercialização clandestina, por meio da compra dos animais. Nesse sentido, essa conduta social relaciona-se intensamente com a epistemologia weberiana e o conceito de “individualismo metodológico”, no momento em que os indivíduos perpetuam a problemática, pois suas motivações pessoais os levam a não agir. Desse modo, omissão do corpo social é responsável pela manutenção dessa atividade ilícita no país. Ademais, em um segundo plano, sob a ótica político-administrativa, a má gestão governamental possui estreita relação com o tráfico de animais. Essa correlação pode ser explicitada pela secundarização dessa pauta, em detrimento de interesses supérfluos da classe dominante, a qual não permite a adequada fiscalização das rodovias e fronteiras do território nacional e, por conseguinte, viabiliza o estabelecimento de rotas de tráfico de animais no Brasil. Esse paradigma de governo contraria acentuadamente a premissa defendida por Jean-Jacques Rousseau, em “O Contrato Social”, que apontava que cabia ao governante garantir o cumprimento das leis, na medida em que permite a propagação de uma prática proibida pela legislação. Dessa forma, a sociedade brasileira aprofunda-se em um intenso cenário de transgressão às normas, o que arquiteta o cotidiano tráfico de animais silvestres no país. A negligência social, em paralelo à incapacidade operacional do Estado, portanto, consubstancia o comércio ilegal de animais. À vista disso, o Poder Executivo Federal, sob forma do Ministério do Meio Ambiente, deve desenvolver políticas públicas de fortalecimento da fiscalização da extensão territorial nacional, por meio do requerimento do aumento do efetivo de policiais federais nas rodovias do país – para apreender veículos envolvidos no tráfico –, da instalação de aparelhos tecnológicos, como drones e câmeras – para monitorar as áreas vulneráveis a essa atividade – e da ampliação e divulgação dos canais de denúncia – para que a população possa colaborar com o fim dessa prática. Dessa maneira, histórias como a de Blu deixarão de ser uma realidade empírica no país.