No continente africano, espécies de rinocerontes foram consideradas extintas nessa última década devido a caça ilegal e o tráfico de seus chifres no mercado negro. Não distante dessa realidade, os animais silvestres brasileiros carecem de ações defensivas e efetivas do Estado e da população para a preservação de uma fauna estável e protegida do comércio ilegal no contexto atual. É fundamental, em primeiro lugar, analisar o cenário dessa "mercadoria" atual. Qualificado pelo IBAMA ( Instituto Brasileiro do Meio Ambiente ) como a terceira maior área de atuação criminosa no Brasil, há cerca de 40 milhões de animais retirados da natureza todos os anos vítimas do tráfico ilegal. Dessa forma, é evidente uma falta de investimentos em profissionais e órgãos na ação efetiva contra esses criminosos, responsáveis pelo desequilíbrio ecológico e extinção de espécies devido a mortalidade de quase 90% dos animais enjaulados, segundo dados da polícia ambiental. Ademais, convém ressaltar a atuação da sociedade. Como ocorreu em março de 2017, quando prenderam em São Paulo quatro traficantes de animais, um dos criminosos havia apenas 20 anos de idade, demonstrando como a perpetuação desses atos marginais continua pela falta de discussões sobre a seriedade do assunto. Dessa maneira, assim como Nelson Mandela disse que a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo, não há uma abordagem nas escolas e nos programas televisivos sobre a seriedade desses crimes, retratando um descaso com a rica natureza brasileira. Fica evidente, portanto, a necessidade de uma mobilização da sociedade sobre esse cenário devastador. Para isso, o Ministério do Meio Ambiente, associado a ONGs como a S.O.S. Mata Atlântica, deve ampliar áreas de atuação e fiscalização, incentivando mais profissionais na área e encorajando a denúncia voluntária da população através de campanhas. A mídia pode criar ficções engajadas, como novelas e séries, e reportagens que denunciem essa crueldade com os animais a fim de conscientizar os telespectadores. Por fim, cabe às escolas a inserção desse assunto na grade de matérias além de palestras filiadas ao IBAMA que mostrem a importância da natureza para os jovens para que, enfim, o território nacional seja protegido e livre de qualquer ameaça contra sua invejável fauna e flora.