Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: O cenário desafiador do tráfico de animais silvestres no Brasil

Redação enviada em 27/09/2016

A famosa carta de Pero Vaz de Caminha, ao elucidar sobre o exotismo da fauna brasileira e seu potencial econômico na Europa, compõe um retrato fiel do comércio ilegal de recursos que se imprimiria na modernidade. Causa de diversos impactos ambientais, essa conduta exploratória é baseada em uma visão capitalista dominante, a qual promove desequilíbrios ambientais irreversíveis. É sabido que os diversos componentes de um ecossistema interagem de maneira mutualística, ao estabelecer o que a biologia denomina de relações ecológicas harmônicas. Com isso, muito aquém de prejuízos para a espécie alvo do contrabando, a qual é submetida a maus tratos físicos e estresses, podendo ser extinta, essa atividade afeta de maneira depreciativa toda a comunidade em que a espécie está inserida, interdependentes direta ou indiretamente nas cadeias alimentares. Soma-se a isso, a extinção de uma espécie nativa, como ocorrido com a ararinha azul, nativa da Amazônia, representa uma enorme perda para a biodiversidade local, caracterizada pela heterogeneidade de suas populações. Sem dúvida, um prejuízo inestimável para o patrimônio genético ambiental. Ademais, o tráfico de animais silvestres é destinado, muitas vezes, a atividades comerciais como o ramo da moda e o da decoração, que atribuem um status social elevado aos produtos oriundos dessa prática ilegal, sedimentado numa visão capitalista de mundo, a exemplo das famosas “bolsas de couro”. Acontece, nesse caso, o que o sociólogo Karl Marx denominou fetichismo de mercadoria, em que o produto ganha alta relevância social pela imagem positiva que é atribuída a ele. Nesse sentido, é válido salientar que a constituição federal de 1988 atribui ao estado a tutela legal sobre os animais nativos, no entanto, o descaso no que tange essa situação obtêm respaldo na escassez de investimentos em órgãos de fiscalização como o IBAMA, o que corrobora na perpetuação dessa prática mercantilista nefasta. Portanto, cabe ao estado investir de forma mais eficaz na fiscalização do tráfico de animais, promovendo uma maior capacitação dos profissionais envolvidos, com o desenvolvimento de cursos que contemplem a temática, bem como a instrumentação física adequada desses profissionais, com o intuito de fornecer condições adequadas ao trabalho de fiscalização. Além disso, é preciso que a mídia introduza em sua programação, com a realização de novelas e documentários sobre o assunto, os prejuízos oriundos do tráfico ilegal, como forma de desestimular o consumo de bens provenientes dessas atividades ilícitas.