O Brasil, país tão rico em ecossistemas e biodiversidade, passa hoje por uma questão que representa um enorme desafio: o tráfico de animais silvestres. Dentre os diversos fatores responsáveis pelo fenômeno, encontra-se a visão gananciosa do traficante, e a ilusão que move o comprador: a "domesticação" da beleza natural. Entretanto, o cerne da questão reside na ineficiência da atual fiscalização, que esbarra na extensão territorial do país. A maior parte dos animais silvestres brasileiros encontra-se na Floresta Amazônica. Esta possui tamanha vastidão espacial que o acompanhamento atual contra a prática se torna ineficiente. No que se refere a este problema, um maior diálogo entre as entidades protetoras e as comunidades indígenas pode ser uma solução parcial, de modo que as áreas nos entornos de aldeias aborígenes sejam melhor protegidas; como é sabido, estes povos possuem uma relação mais estreita e respeitosa com os recursos naturais. Juntamente à intensificação da vigilância cooperativa, campanhas informativas devem ser realizadas pela mídia, de modo que o brasileiro que pense em cometer o delito (tráfico) em questão entenda que o saldo de uma relação mercantil deste caráter possui, de longe, um saldo negativo. Estas intervenções podem ser associadas à criação de mais parques naturais abertos ao público (especialmente em grandes cidades), que poderá assim ter maior contato com o meio selvagem, o que pode amenizar a ânsia dos possíveis compradores de estar junto à natureza. Diante da questão territorial, fica evidente então que descentralização da responsabilidade pela solução do problema possui importância fundamental. O terceiro setor (ONGs, fundações, etc.) pode, por exemplo, ser mediador da relação entre os órgãos governamentais e os povos indígenas. As prefeituras podem atuar na delimitação de áreas de preservação abertas ao público para visitação, ao passo que a mídia e a população geral (através do uso das redes sociais) podem se responsabilizar pela divulgação da campanha pela preservação dos animais silvestres. A conjuntura do problema deve ser alterada por partes.